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Presidência do Senado: conheça os candidatos que tentarão vencer Renan

Bloco vai insistir na eleição pelo voto aberto e espera bater o senador alagoano, favorito na disputa, no segundo turno

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
Sessão extraordinária do Senado que vai decidir sobre a admiss
1 de 1 Sessão extraordinária do Senado que vai decidir sobre a admiss - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O Senado inicia nesta sexta-feira (1º/2) sua nova legislatura e já promete ter um dia quente. Pelo menos se depender dos ânimos dos postulantes à cadeira de presidente da Casa, em eleição que se iniciará às 18h. Em jogo, além da responsabilidade de presidir as sessões do Congresso Nacional, está a escolha do terceiro nome na linha sucessória da Presidência da República.

A disputa é entre o grupo que quer Renan Calheiros (MDB-AL) como presidente pela quinta vez e os “anti-Renan”, mais alinhados com o governo Bolsonaro, que busca eleger um aliado para dar suporte político na aprovação das reformas.

Renan aposta na eleição secreta, prevista no regimento interno do Senado e chancelada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa forma, os senadores que votarem com ele estariam protegidos contra o peso da opinião pública e de qualquer tipo de retaliação por parte do governo.

Experiente, o alagoano tergiversava quando questionado se era candidato a presidir novamente a Casa. “Não quero ser presidente do Senado. Os alagoanos me reelegeram para ser bom senador, não presidente. A decisão caberá à bancada e temos outros nomes”, dizia. Nos bastidores, no entanto, trabalhou com o habitual poder de persuasão que já lhe garantiu quatro mandatos no comando da Casa. E o cacique alagoano levou a melhor novamente.

Reunida na noite dessa quinta-feira (31/1), a bancada do MDB decidiu formalizar Renan Calheiros como candidato. Ele venceu Simone Tebet numa votação apertada: recebeu sete votos e ela, cinco. Os dois chegaram a bater boca e se atacar pelas redes sociais na briga de cada um para se tornar candidato da sigla.

Voto aberto e segundo turno
No grupo “anti-Renan”, há nomes como o do cearense Tasso Jereissati (PSDB), com quem o alagoano já teve ríspidos embates no plenário; o de Major Olímpio (PSL-SP), que seria o nome – velado – do Palácio do Planalto; além de Simone Tebet (MDB-MS), que se rebelou contra Renan e diz ser a pessoa que pode trazer de volta o “velho MDB”. O grupo vai insistir no voto aberto, para tentar levar a peleja para o segundo turno.

São nove candidatos, nove peças nesse xadrez político que envolve poder, prestígio, um orçamento de R$ 4,5 bilhões e a interlocução direta com o governo Bolsonaro, além do direito de suceder o presidente da República quando ele e o vice estiverem impedidos. As peças se movimentam no tabuleiro e terão direito a recursos, a acordos de bastidores, a alianças antes improváveis e a traições. Quem dará o xeque-mate?

Conheça os candidatos à presidência do Senado:

Renan Calheiros (MDB-AL)

Daniel Ferreira/Metrópoles
Renan Calheiros foi confirmado candidato pelo MDB e pode presidir a Casa pela 5ª vez

 

“Um novo Renan, liberal, que vai ajudar a fazer as reformas”. Assim o alagoano Renan Calheiros se apresenta na disputa pela presidência do Senado, cargo que quer ocupar pela quinta vez. Na prática, um aceno para o Palácio do Planalto de que será aliado no tocante às reformas. Calheiros enfrentou denúncias de corrupção em 2007. Na ocasião, revelações publicadas na imprensa mostravam que a empreiteira Mendes Júnior estava pagando uma pensão de R$ 12 mil à jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha. A essa revelação, somaram-se mais denúncias envolvendo a relação de empresas e tráfico de influência. A pressão fez Renan Calheiros renunciar ao cargo no final de 2007.

No entanto, voltou ao Senado em 2010, quando foi eleito pela terceira vez. Em 2016, O STF tornou o político alagoano reú pelo crime de peculato, mas ele acabou inocentado. Agora, vinha negando a candidatura a um novo mandato no comando da Casa: “Não quero ser presidente do Senado. Os alagoanos me reelegeram para ser bom senador, não presidente. A decisão caberá à bancada e temos outros nomes”. Mas foi confirmado candidato pelo MDB na noite dessa quinta, mesma data em que veio à tona mais um escândalo: quando presidente do Senado, foi interceptado pela PF negociando cargos na Agricultura com a JBS. Não bastasse isso, em 2019, enfrenta uma onda anti-Renan. A eleição secreta é um dos trunfos que tem na manga.

 

Simone Tebet (MDB-MS)

Moreira Mariz/Agência Senado
Simone Tebet perdeu a queda de braço com Renan Calheiros na disputa interna no MDB

 

A sul-mato-grossense Simone Tebet quer a primeira mulher na Presidência do Senado. Tem 48 anos e é vista como perfil moderado, discreto e com boa capacidade de articulação nos bastidores. Filha do ex-presidente do Senado Ramez Tebet (PMDB-MS), falecido em 2006, ela afirma que quer ressuscitar o “velho MDB”.

“Um dos motivos pelos quais coloco meu nome à disposição é que quero aquele velho MDB de volta. Aquele que falava a favor do país, não em conchavos, ‘toma lá dá cá’, que seus membros tinham orgulho de dizer que eram do MDB”. Nesta eleição, rebelou-se contra Renan Calheiros, cacique do MDB e que tenta o quinto mandato como presidente. Articula-se com o grupo que quer derrotar o alagoano. Perdeu a disputa com Renan Calheiros dentro do MDB e a ela resta a candidatura avulsa.

 

Tasso Jereissati (PSDB-CE)

Marcelo Camargo/Estadão
Tasso articula, nos bastidores, um acordo com a base aliada do governo Bolsonaro para derrotar Renan

 

Articula, nos bastidores, um acordo com a base aliada do governo Bolsonaro para derrotar o emedebista Renan Calheiros, mesmo que numa votação apertada e secreta. Assim como Renan, o tucano não se colocou oficialmente como candidato, mas busca líderes de outros partidos para avaliar suas chances de vitória.

Tasso tenta ainda ser o nome de um bloco que se forma no Senado com a participação de diversas legendas. Esse bloco atrairia PSB, Rede e PPS e teria 15 senadores, capazes de atrair outras forças como PSDB, PP, PSD e DEM. Com isso, formaria uma “espinha dorsal” no Senado que garantiria a eleição do presidente e os principais postos da Mesa Diretora.

 

Major Olímpio (PSL-SP)

Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados
Major Olímpio é da tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro

 

Sérgio Olímpio Gomes, nascido em Presidente Venceslau (SP), em 20 de março de 1962, é mais conhecido como Major Olímpio, já que é egresso da Polícia Militar. Da tropa de choque do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o então deputado federal Olímpio se elegeu senador por São Paulo a reboque da popularidade do capitão da reserva: foi o senador mais votado no seu estado, com 9.039.523 de votos.

Na corrida pela presidência do Senado, reclamou da interferência do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em prol de seu partido, o Democratas. “Cada um esperneia como quer. Eu acho que o governo tem de ser governo, se alguém estiver com condutas partidárias, muitas vezes pode atrapalhar o governo”, disse. Na eleição do Senado, corre por fora, mas espera que a onda anti-Renan possa viabilizá-lo como uma alternativa a um quinto mandato do alagoano.

 

Davi Alcolumbre (DEM-AP)

David Alcolumbre é o favorito do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), com quem tem uma relação de amizade

 

Natural de Macapá, David Samuel Alcolumbre Tobelem foi eleito senador pelo Amapá em 2014 com 131.695 votos. Favorito do ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil), com quem tem uma relação de amizade, Alcolumbre conta apoio velado do núcleo político do Palácio do Planalto. Seu partido conta com dois ministérios: o da Agricultura, com a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), e o da Saúde, com o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).

Na Câmara, seu correligionário, o deputado Rodrigo Maia, do Rio, é considerado o favorito na disputa pela liderança da Casa. Por ser o único remanescente da Mesa Diretora do Senado da legislatura anterior, Alcolumbre deverá comandar a sessão de escolha do novo presidente, segundo o regimento interno da Casa. Porém, se mantida, sua candidatura poderá ser contestada por adversários. Nesse caso, assumiria o comando dos trabalhos o senador mais velho, José Maranhão (MDB-PB), de 85 anos, aliado de Renan Calheiros.

 

Alvaro Dias (Pode-PR)

MICHAEL MELO/METRÓPOLES
Alvaro Dias é tido como o candidato preferido do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão

 

Alvaro Fernandes Dias, 73 anos, está em seu quarto mandato como senador. Já foi governador do Paraná (1987-1991), deputado federal e estadual e vereador. O senador já foi filiado a sete partidos – entre eles, o PSDB, por onde passou duas vezes. Na primeira, foi expulso em 2001, após assinar uma CPI para investigar o governo do então presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. Também foi oposição aos governos petistas e votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Em 2018, candidatou-se à Presidência da República e, na campanha, fez um discurso anticorrupção e de valorização da Lava Jato. Não deu muito certo: terminou o primeiro turno em nono lugar, com 859 mil votos. Na eleição para a presidência do Senado, é tido como o candidato preferido do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão.

 

Angelo Coronel (PSD-BA)

Sem respaldo de sua legenda, o PSD, Angelo Coronel lançou-se na disputa de maneira avulsa

 

“Mudar a cara do Senado, para que os parlamentares sejam alvos de selfie da população, em vez das tradicionais vaias”, esse é o objetivo do senador Angelo Coronel, ou melhor, Angelo Mário Coronel de Azevedo Martins, nascido em Coração de Maria, interior da Bahia, em maio de 1958. Uma de suas bandeiras é a que vem chamando de “ministérios paralelos”. Segundo ele, funcionaria assim: o Senado Federal escolheria 22 parlamentares para terem uma papel complementar aos dos ministros de cada área.

Sem respaldo de sua legenda, o PSD, Angelo Coronel lançou-se na disputa de maneira avulsa. “O partido achou que não deveria me lançar candidato e eu respeitei. Mas eu entendo que vários senadores estão incentivando minha candidatura, então quero contribuir. Não vim da Bahia até aqui, com quatro milhões de votos, para ser figurante”, disse.

 

Esperidião Amin (PP-SC)

Se eleito, Amin será o primeiro parlamentar catarinense a comandar o Senado num intervalo de 74 anos

 

Esperidião Amin Helou Filho, nascido em Florianópolis, em 21 de dezembro de 1947, chegou a disputar a Presidência da República em 1994, mas teve votação inexpressiva. Quando encerrou o mandato de senador, voltou a comandar o governo de Santa Catarina. Tentou a reeleição, mas foi derrotado por Luiz Henrique da Silveira. Nos anos 2000, Esperidião ficou oito anos sem mandato eletivo. Ele só voltou ao poder em 2010, quando foi eleito deputado federal. O mandato foi estendido por mais quatro anos, em 2014.

Se eleito, Amin será o primeiro parlamentar catarinense a comandar o Senado num intervalo de 74 anos. O primeiro, e até hoje único, filho de Santa Catarina que presidiu a Casa foi Nereu Ramos, entre 1946 e 1951. Seu partido tem cinco senadores. Amin é próximo do presidente Jair Bolsonaro.

 

Antônio Reguffe (sem partido-DF)

Marcos Oliveira/Agência Senado
Reguffe acredita que sua candidatura servirá para abrir a discussão sobre temas polêmicos

 

Na disputa pela presidência do Senado Federal, José Antônio Reguffe (sem partido-DF) tem como principais bandeiras de campanha a austeridade e o corte de gastos. Segundo ele, as despesas no Parlamento são exageradas. No entanto, em entrevista ao Metrópoles, disse ter consciência da resistência de colegas à sua pauta. “Estou preparado para ter só o meu voto”, declarou.

Segundo o parlamentar, a candidatura servirá para abrir a discussão sobre temas polêmicos. “O meu intuito é colocar essas propostas em debate e fazer com que os outros candidatos falem sobre isso.” Entre os pontos de campanha, estão a redução do número de assessores de cada congressista, de 55 para 12, além do fim de gastos com verba indenizatória, carros oficiais e plano de saúde vitalício.

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