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Pré-candidatura é “desafio que destino impõe”, diz Collor

O senador afirma que não podem existir temores pelo que aconteceu no passado e que deve enfrentar a situação pelo bem do país

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André Dusek/Estadão Conteúdo
JULGAMENTO FINAL DO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF
1 de 1 JULGAMENTO FINAL DO IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF - Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo

Em discurso no plenário do Senado para lançar sua pré-candidatura à Presidência da República, nesta terça-feira (6/2), o senador Fernando Collor (PTC-AL) se colocou como um nome de centro, progressista e liberal. Collor relembrou sua eleição em 1989, lamentou que não tenha concluído integralmente o mandato presidencial por causa do impeachment e garantiu que possui “a experiência, a coragem, o equilíbrio e maturidade” para comandar o país.

“O íntimo do meu sentimento público hoje me diz que seria covardia de minha parte renunciar à verdade e desviar de mais um desafio que o destino me impõe. Os temores da história não podem preceder aos ardores da modernidade”, declarou.

Ele afirmou que o Brasil precisa de “um centro democrático progressista e liberal capaz de promover as mudanças demandadas pelo povo brasileiro” e que os movimentos não devem mais se prender ideologicamente a “meros rótulos da esquerda ou da direita”.

Em seu discurso, o ex-presidente criticou o que classificou como um forçado espírito de renovação política e defendeu um “novo pacto federativo” para aglutinar no governo os “melhores quadros”. “Não precisamos de revolução, mas de evolução. Da mesma forma não precisamos de renovação, mas de inovação.”

Entre as conquistas do seu governo, que durou dois anos e meio, ele disse que garantiu o “necessário lastro financeiro” para a implantação do Plano Real. “Mantive em razoáveis níveis o equilíbrio fiscal das contas públicas”, continuou. O ex-presidente também defendeu que foi responsável por “abrir a porta do Brasil para a tecnologia e para o mundo”.

Collor discursou por cerca de 20 minutos para oito senadores. Ele não quis falar com a imprensa após o pronunciamento. Ele também afirmou que sua postulação possui suporte em sua experiência como prefeito, governador, presidente e parlamentar.

Candidatura
Anunciada em evento no interior de Alagoas, em janeiro deste ano, a candidatura do ex-presidente tem o objetivo de garantir a sobrevivência de seu partido, o nanico PTC, por causa das novas regras aprovadas pelo Congresso para que as legendas tenham acesso ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV.

Pela chamada “cláusula de barreira”, aprovada em outubro passado, as legendas deverão atingir pelo menos 1,5% dos votos válidos para a Câmara em 2018 em pelo menos nove estados ou ter eleito, no mínimo, 13 deputados em nove estados. Nas eleições de 2014, o PTC ficou longe desse porcentual: teve apenas 0,35% dos votos e só conseguiu eleger dois deputados.

A estratégia do PTC é usar a candidatura como atrativo para eleger de 9 a 11 deputados federais. Um deles será o filho do senador, Arnon Collor, atual vice-presidente na América Latina do grupo NBA, liga de basquete americano. O partido espera também as candidaturas à reeleição dos atuais deputados Uldurico Pinto (PV-BA) e Brunny (PR-MG), que foram eleitos em 2014 pelo PTC, mudaram de agremiação e agora negociam o retorno à sigla.

A legenda também traçou como meta eleger de três a quatro senadores em outubro deste ano, pelo Amapá, Rio Grande do Norte e Amazonas. Eles se juntarão a Collor, que, caso não se eleja presidente, terá mandato de senador até 2022.

Réu na Operação Lava Jato, Collor é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em agosto de 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou a denúncia do então procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o político. Ele é acusado de ter recebido ao menos R$ 29 milhões em propinas, entre 2010 e 2014. A defesa do senador nega e diz que vai provar sua inocência.

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