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Pré-candidato, Mourão cria perfil no TikTok e mostra rotina no poder

O vice-presidente, que disputará uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Sul, passou a usar tags e compartilhar trechos de sua rotina

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Arte: Yanka Romão/Metrópoles
Arte mostra o vice-presidente e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão, falando e apontando o dedo para frente cercado por logos de redes sociais - Metrópoles
1 de 1 Arte mostra o vice-presidente e pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão, falando e apontando o dedo para frente cercado por logos de redes sociais - Metrópoles - Foto: Arte: Yanka Romão/Metrópoles

Desde que anunciou a pré-candidatura ao Senado Federal pelo estado do Rio Grande do Sul, em fevereiro deste ano, o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) passou a adotar táticas para promover o seu nome nas redes sociais. O objetivo é imprimir uma linguagem descolada e jovial nas plataformas.

Na última semana, por exemplo, o general criou um perfil no TikTok. Em menos de 4 dias, sua conta já havia alcançado 3 mil seguidores. O vídeo de estreia na rede social foi o entusiamado “bom dia” que o general deu em uma solenidade no começo do governo, em 2019, e que acabou viralizando.

No mesmo mês do anúncio da candidatura, ele também criou um novo perfil no Twitter, a fim de separar as publicações do Hamilton Mourão pré-candidato e do Hamilton Mourão vice-presidente.

Assim que deu o pontapé na pré-campanha, o general mudou o teor das publicações e até mesmo a identidade visual. Ele passou a publicar, assim como o presidente Jair Bolsonaro (PL), os encontros com apoiadores, frases de efeito em discursos e posicionamentos sobre temas que estão em iminência.

Reservado e conservador, Mourão começou a compartilhar com seus seguidores e potenciais eleitores momentos mais íntimos, como a paixão por esportes, em especial a equitação, e pelo chimarrão –  bebida típica do estado, à base de erva-mate.

A estratégia desenvolvida para impulsionar as redes sociais do general também inclui publicações direcionadas ao nicho eleitoral de Mourão: os eleitores do Rio Grande do Sul. Apesar de ter nascido em Porto Alegre, ele viveu toda a carreira militar – 46 anos – no Rio de Janeiro.

Um exemplo é a criação da tag Tbtchê, que consiste na junção do famoso #tbt – utilizada sempre às quintas-feiras pelos internautas a fim de compartilhar memórias – com o “tchê”, interjeição comumente falada pelos gaúchos natos.

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Mourão também abriu a famosa “vaquinha” para auxílio na pré-campanha. Além de um canal direto para doações financeiras, semanalmente, há publicações para divulgação do fundo.

A legislação determina, no caso dos pré-candidatos que estejam em algum cargo público, é vedada a promoção, nos três meses antes das eleições, qualquer tipo de propaganda institucional.

Apesar de todas as adaptações, o vice-presidente deve ficar atento às regras eleitorais, isto porque a legislação enumera uma série de regras para a auto-promoção eleitoral. A penalidade para a veiculação de propaganda eleitoral antecipada é multa, cujo valor varia de R$ 5 mil a R$ 25 mil.

No caso de conduta vedada ou abuso dos meios de comunicação social, a pena é mais dura: vai da cassação do registro ou diploma à inelegibilidade por oito anos.

“O que se pode fazer nas redes sociais neste momento de pré-campanha, antes do dia 16 de agosto, que é a data em que começa efetivamente a campanha eleitoral, pelo calendário eleitoral, é utilizar a rede social pra repercutir a sua agenda diária, informar que é pré-candidato e divulgar eventuais programas”, explica Alessandro Costa, professor de Direito Eleitoral do Ibmec Brasília.

“É possível usar as redes sociais tanto na campanha, quanto na pré-campanha, mas não é possível transmitir nessas redes, fake news, artifícios para alcançar mais pessoas, como bots, propagando negativas”, conclui Costa.

“Criar um heroi”

Para Eduardo Galvão, professor de Relações Institucionais do Ibmec do Distrito Federal, “construir um candidato é construir um personagem”.

“A campanha precisa contar uma boa narrativa e criar um heroi. A imagem, mesmo desgastada, ainda pode ser reconstruída. É preciso dialogar com seu público, que é o eleitorado e, para isso, é preciso utilizar estratégias de comunicação, adequar a linguagem, criar empatia e emitir a mensagem adequada que dialogue com as expectativas do eleitor e tenham identidade com o candidato”, explica Galvão.

Para o consultor e estrategista do EleitorWEB, Clayton Lustosa, “as redes sociais assumiram um papel fundamental para a conexão com as pessoas, e o uso na política tem crescido e ampliado muito”. O cuidado com a divulgação de informações, segundo ele, no entanto, deve ser rigoroso e será acompanhado de perto pela justiça eleitoral.

“Mais de 90% do acesso a internet é feito pelo smartphone e o Brasil é líder no uso das redes sociais na América Latina, e 88% dos brasileiros já tem conta no Facebook ou Instagram. Uma combinação de campanha online com estratégias de mobilização e engajamento criam um movimento em torno do candidato”, pontua Lustosa.

Cenário para Mourão

Na pesquisa mais recente para a única vaga ao Senado Federal pelo estado, pela margem de erro, que é de 3 pontos, Mourão está tecnicamente empatado com a ex-senadora Ana Amélia (PSD), que tem 26,4% dos votos, enquanto ele tem 23,4%.

O Paraná Pesquisas entrevistou 1.540 pessoas, entre os dias 27 de junho e 1º de julho. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com o número RS-07079/2022.

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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército
Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros
Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército
Carlos Bolsonaro voltou a criticar declarações de Mourão
Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço
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Antônio Hamilton Martins Mourão é um general da reserva do Exército do Brasil e atual vice-presidente da República. Natural de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Mourão tem mostrado interesse em disputar as eleições de 2022 longe de Bolsonaro

Bruno Batista VPR
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Mourão, que é casado com Paula Mourão e é pai de Antônio Hamilton Rossell Mourão, ingressou na carreira militar ainda na juventude. Com o tempo, foi conquistando espaço e cargos dentro do Exército

Romério Cunha/VPR
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Chegou a ser instrutor na Academia Militar das Agulhas Negras, foi vice-chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, enviado para Missão de Paz na Angola, comandou a 6ª Divisão do Exército em Porto Alegre, cuidou de assuntos militares na embaixada do Brasil na Venezuela, foi Comandante Militar do Sul, entre outros

Arthur Menescal/Especial Metrópoles
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Chefiou a Secretaria de Economia e Finanças, mas foi exonerado tempos depois. À época, a exoneração foi associada às declarações que ele fez durante palestra em clubes do Exército

Hugo Barreto/Metrópoles
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Carlos Bolsonaro voltou a criticar declarações de Mourão

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Em fevereiro de 2018, foi transferido para a reserva remunerada, após 46 anos de serviço

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Ainda em 2018, filiou-se ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB) e, após resultados das eleições no mesmo ano, foi eleito vice-presidente na chapa de Bolsonaro

Isac Nóbrega/PR
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Após assumirem os cargos, no entanto, a relação de Bolsonaro e Mourão se tornou conturbada. Por diversas vezes, o presidente chamou os comentários do general de “infelizes”

Igo Estrela/Metrópoles
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Entre as polêmicas envolvendo o nome do vice-presidente estão: comentários racistas, comemoração do “aniversário” do Golpe de 1964 no Brasil e o pedido de impeachment de Mourão feito pelo deputado Marco Feliciano em 2019, que foi arquivado por Rodrigo Maia

Arthur Menescal/Metrópoles
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O distanciamento cada vez mais claro entre Bolsonaro e Hamilton tornou evidente a ruptura da atual chapa presidencial. Desprezando o nome do atual vice-presidente para concorrer às eleições de 2022, Bolsonaro já tem ao menos outros três nomes para possível vice

Rafaela Felicciano/Metrópoles
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Por sua vez, Mourão tem mostrado interesse em disputar o governo do Rio de Janeiro ou do Rio Grande do Sul. Se despedindo do PRTB, o general anunciou filiação ao Republicanos em 16 de março

Bruno Batista/ VPR

Levantamento feito pelo Metrópoles, com base nas agendas oficiais do general, mostra que assim que anunciou a intenção de disputar a vaga de senador, o general tratou de intensificar as agendas no estado pelo qual tentará a única vaga deste ano.

Em contraste com 2020 e 2021, quando o general havia ido a 15 municípios – somando os dois anos -, apenas no primeiro semestre de 2022 Mourão já visitou o estado gaúcho em 19 ocasiões. Em várias das viagens ao Rio Grande do Sul, Mourão visitou mais de uma cidade no mesmo dia. Pouco mais de dois meses após a filiação, entre 16 de março até 27 de maio de 2022, o vice já havia superado as idas ao estado nos dois anos anteriores inteiros.

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