Postura de Rosário em depoimento irrita senadores: “Baixe a sua bola”
Ministro da CGU, que entrou em atrito com senadores por diversas vezes durante a oitiva, foi chamado de “petulante”
atualizado
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O relator da CPI da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), demonstrou irritação durante o depoimento do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, ao colegiado, nesta terça-feira (21/9). A falta de respostas levou o parlamentar a entrar em atrito com o servidor por diversas vezes.
Ao fim dos questionamentos, Calheiros comparou o depoente ao personagem Fabiano, do livro Vidas Secas, obra de Graciliano Ramos. “Dentro de casa, Fabiano grita, xinga, bate na mulher, nos filhos e até na cachorra Baleia. Mas, diante do patrão, fala fino, obedece, é puro servilismo e se borra de medo do soldado amarelo”, disse o senador.
O relator do colegiado aproveitou para chamar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “capitão amarelo”, após o mandatário recuar dos ataques ao Poder Judiciário, em carta que pede harmonia entre os Poderes. O referido documento foi redigido com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB).
“Aqui é o caso do capitão amarelo, depois do recuo que assinou. Para o desemparado, ruge e rosna e, para o poderoso, mia e abana a cauda”, prosseguiu o senador.
Este foi apenas um dos vários momentos em que Calheiros entrou na rota de colisão de Rosário. Criticado pela postura, classificada por parte dos senadores como “petulante”, o ministro rebateu o relator da CPI e criticou quando, segundo ele, o senador tentou colocar palavras em sua boca.
“Vossa excelência está repetindo uma coisa que não tem ligação nenhuma com a verdade. O senhor tem obrigação de falar a verdade”, disse Rosário, em tom áspero. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que presidia a sessão na ocasião, repreendeu o ministro: “O senhor baixe a sua bola”, disse.
Antes, em áudio vazado, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), chamou Rosário de “petulante para caralho“. A irritação do congressista decorreu de resposta atravessada do ministro, em réplica ao questionamento sobre o período em que a CGU soube do envolvimento da Precisa Medicamentos nas irregularidades envolvendo as negociações pela aquisição da vacina indiana Covaxin.
Assista:
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— Metrópoles (@Metropoles) September 21, 2021
Rosário afirmou ter tido conhecimento em junho deste ano, por meio da imprensa. Aziz se surpreendeu com o intervalo entre o início das investigações, em setembro de 2020, até chegar à denúncia de atuação da Precisa no trâmite.
Como resposta, o presidente da CPI ouviu: “Não sei se o senhor já participou de alguma investigação… Você não passa um scanner na hora da busca e apreensão e saem os dados, não. Tem que ter análise, tem que levar tempo”, disparou Rosário.
Em seguida, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) também criticou a postura do CGU. “Se a petulância do depoente for do tamanho da competência, nós estamos muito bem servidos”, ironizou.