Postos pelo país registram filas e falta de gasolina após bloqueio de rodovias
Movimento de caminhoneiros colocou em risco abastecimento. Sindicatos garantem que atos não impactaram gravemente a distribuição
atualizado
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O trauma do desabastecimento provocado pela greve dos caminhoneiros de 2018 fez os brasileiros correrem aos postos de combustíveis em busca de gasolina após nova paralisação de parte da categoria, iniciada na noite de quarta-feira (8/9).
Ao menos quatro estados — Santa Catarina, Espírito Santo, Minas Gerais e Paraná — registraram desabastecimento entre quarta e esta quinta-feira (9/9).
Porém, capitais, como Brasília, Recife, Palmas, Porto Alegre, Florianópolis, Cuiabá, Campo Grande, entre outras, registraram movimento acima do normal e, em determinados momentos, longas filas.
O Brasil tem 43 mil postos de combustível. Três bandeiras, Shell (Raízen), Vibra Energia, ex-BR Distribuidora (Petrobras), e Ipiranga (Ultrapar) controlam 55% dos pontos. O restante é composto por empresas regionais.
O Metrópoles questionou as principais distribuidoras, mas não obteve resposta. O espaço continua aberto a esclarecimentos.
Os principais sindicatos indicam que não haverá desabastecimento nacional, mas pode haver, pontualmente, irregularidade na distribuição em alguns estados. Ainda assim, pedem calma na procura pelo combustível para não acentuar os riscos.
Problemas
No Espírito Santo, a situação é inversa. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Espírito Santo (Sindipostos), os bloqueios impactaram o reabastecimento de postos no interior.
Segundo a entidade, revendedores que ficaram sem estoque se mobilizaram para repor os produtos junto aos distribuidores. Já a capital capixaba, Vitória, foi pouco impactada, Lá, as bases de Tubarão e Vila Velha estão operando normalmente.
“As informações da manhã desta quinta dão conta de que os manifestantes estão flexibilizando a passagem e liberando alguns caminhões. Mantendo esse comportamento, a tendência é que o abastecimento se normalize em um ou dois dias”, frisou, em nota.
Em Florianópolis, o Sindicato de Comércio Varejista de Combustíveis Minerais de Florianópolis (Sindópolis) acredita que o combustível volte a chegar aos postos da capital catarinense no começo da tarde.
O sindicato aposta no cumprimento de uma medida judicial obtida ainda na noite de quarta-feira para o desbloqueio da SC-470, em Biguaçu.
O mais recente balanço do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Litoral Catarinense e Região (Sincombustíveis-SC) mostra que há seis postos desabastecidos em Itajaí, Blumenau e Joinville. Outros estão com “fila considerável” no estado.
“Sem impactos”
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo (Minaspetro) garante que o abastecimento de combustível em Minas Gerais ainda não foi impactado de forma relevante.
“As operações nas bases distribuidoras, em Betim [Região Metropolitana de Belo Horizonte], permanecem normalizadas, e até o momento a situação não preocupa”, afirmou, em nota.
A entidade pediu que a população evite corrida desnecessária aos postos revendedores, pois a “abrupta e inesperada alta na demanda” pode causar baixa momentânea no estoque.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro-SP) afirma que, no momento, não existe desabastecimento.
“Houve uma pequena corrida dos consumidores e falta eventual em alguns postos”, informou resumidamente a entidade.
E Brasília?
Em entrevista ao Metrópoles, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindicombustíveis-DF), Paulo Tavares, descarta o risco de desabastecimento.
Segundo ele, no caso da capital federal, não há obstrução na BR-040 e na BR-060, por onde chega o etanol anidro, um composto da gasolina.
“A falta dele traria problemas. O etanol anidro é misturado e compõe a gasolina em 27%. Para Brasília e Goiânia, a gasolina vem através de dutos. A gasolina precisa ser acrescentada ao etanol anidro. Em 2018, na greve passada, ele faltou”, explicou.
Paulo Tavares destaca que a cidade já recebeu o produto na manhã desta quinta-feira. “Tivemos uma carga menor que o normal [na quarta-feira] e pode aumentar o preço. Os estoques das distribuidoras duram por, pelo menos, uma semana. Não há necessidade de corrida aos postos”, concluiu.
Paralisação e bloqueios
Pelo segundo dia consecutivo, caminhoneiros bolsonaristas fazem protestos e impedem a passagem de caminhões de carga, o que gerou apreensão sobre a possibilidade de falhas na distribuição de produtos.
As manifestações começaram no feriado da Independência (7/9) e partiram para bloqueios de rodovias na noite de quarta (8/9).