Porta-voz: fala de Guedes sobre AI-5 é de “caráter pessoal”
Afirmação de Otávio Rêgo Barros reforça que presidente Jair Bolsonaro decidiu se esquivar da tensão causada pelo ministro da Economia
atualizado
Compartilhar notícia
O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, esforçou-se para afastar do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a afirmação do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a possibilidade de convocação de um AI-5 no Brasil como consequência de eventual radicalização provocada por manifestações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que se trata de uma “posição pessoal” do ministro. O assunto foi tratado em um pronunciamento à imprensa, na noite desta terça-feira (26/11/2019).
“De fato, o presidente não expôs nenhum comentário. No entanto, elaborou que o ministro Paulo Guedes fez esse comentário no contexto de uma coletiva de imprensa com veículos de comunicação nos Estados Unidos, como é sabido por vocês. Portanto, essa é uma questão de caráter pessoal e deve ser direcionada ao próprio ministro. Como ele já se posicionou logo após o evento da própria entrevista, para nós é assunto considerado comentado”, esquivou-se Rêgo Barros.
A fala do ministro cogita a convocação de um AI-5 como consequência a uma eventual radicalização nas ruas alegadamente incentivada por Lula, principal opositor de Bolsonaro, que defende manifestações populares contra o governo. “Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5”, disse.
Nesta tarde, Guedes foi denunciado pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES) à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. O parlamentar pede que o ministro seja investigado por atentar contra o Código de Ética da Alta Administração Federal e contra a Constituição Federal.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, está sendo investigado pela Comissão de Ética da Câmara por uma fala sobre a possibilidade de instituição de um “novo AI-5” durante uma entrevista à jornalista Leda Nagle, em outubro deste ano.
Mais cedo, ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro evitou comentar sobre a declaração do ministro. O mandatário do país tem negado publicamente qualquer intenção por parte do governo de resgatar o ato da ditadura militar desde a polêmica envolvendo Eduardo.
“O presidente vê o AI-5 como um evento histórico. E, a partir daí, os comentários que possam vicejar a partir pessoas no entorno do presidente ou mesmo afastadas do presidente devem ser considerados sob o aspecto pessoal”, reforçou o porta-voz.