Por unanimidade, TSE arquiva uma das ações contra chapa Bolsonaro-Mourão
Ministros alegaram falta de provas para concluir que houve abuso do poder econômico. Plenário analisou suposto uso irregular de outdoors
atualizado
Compartilhar notícia
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomou na noite desta terça-feira (23/06) o julgamento de uma das ações que pedem a cassação da chapa do presidente Jair Bolsonaro e do vice, Hamilton Mourão, na campanha eleitoral de 2018. Por unanimidade, o plenário julgou improcedente o pedido e arquivou a denúncia de suposto uso irregular de outdoors na pré-campanha eleitoral.
O relator da ação, corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Og Fernandes, iniciou a sessão lendo seu voto contrário ao pedido de cassação.
“Não é possível afirmar que a instalação de outdoors em alguns municípios de alguns estados tenha revelado gravidade suficiente a ponto de provocar um desequilíbrio na eleição presidencial de 2018. Julgo improcedente a ação de investigação judicial eleitoral e determino o seu arquivamento”, declarou.
Fernandes argumentou que a exposição dos outdoors foi uma ação “espontânea e isolada”, que não houve “prévio ajuste ou coordenação central de qualquer espécie: “Alguns agiram em um período muito anterior às eleições, ou seja, no 2º semestre de 2017. Conformado portanto manifestação da cidadania e da liberdade do pensamento”.
A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) analisada pela Corte Eleitoral foi protocolada pela coligação “O Povo Feliz de Novo” e apontava suposto abuso do poder econômico por parte dos então candidatos. A peça cita o uso de outdoors com mensagens de “caráter eleitoral” que teriam “potencial suficiente a comprometer o equilíbrio do pleito eleitoral de 2018”.
Saiba como cada ministro votou
O segundo ministro a votar foi Luis Salomão. Assim como Fernandes, Salomão afirmou que não houve provas para se justificar o abuso do poder econômico após a análise do teor das mensagens, do número de outdoors, do alcance e do custo deles.
Após a leitura do voto, o presidente da Corte Eleitoral, Luis Roberto Barroso, aproveitou para rebater as críticas dos eleitores bolsonaristas contra os Tribunais Superiores “Aqui, sob buzinaço ou fogos, faz-se sempre a coisa certa com base na prova dos autos”, afirmou.
Em seguida, foi a vez do ministro Tarcísio Vieira votar contrariamente ao pedido de cassação da chapa. Segundo o magistrado, “não existe nesses autos provas suficientes acerca de um engenho padronizado atribuível à equipe de campanha com a replicação de uma mesma conduta, circunstâncias que afastam o requisito da gravidade e, por consequência, a caracterização do abuso do poder econômico”.
Para o ministro Sérgio Banhos, “embora possa ser reprovável a utilização de outdoors na pré-campanha, não ficou perfeitamente evidenciado elementos indicativos da gravidade do ato, de modo a qualificá-lo como abusivo”. Por isso, o magistrado votou contra a cassação da chapa.
Na mesma linha do relator, o ministro Edson Fachin defendeu que as provas nos autos eram insuficientes para “evidenciar gravidade que afete o equilíbrio do processo eleitoral”. O magistrado argumentou que levou em consideração o número de eleitores e a quantidade dos municípios que recebeu os outdoors.
Outra ação aguarda a retomada da análise, após pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. A votação, que tinha começado em novembro de 2019 e fora interrompida por um pedido de vista do ministro Edson Fachin, foi retomada no último dia 9 – e novamente adiada após novo pedido de vista, agora de Alexandre de Moraes.
Bolsonaro irritado
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou na quarta-feira passada (17/06) que é “vergonhoso” o fato de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estar julgando a ação.
Ao citar o processo que corre no tribunal para apoiadores que o aguardavam no Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou a afirmar que não irá “admitir um julgamento político”. “Agora, nós não queremos fazer nada ilegal, mas também não admitiremos um julgamento político. Aí não. [Dizer que] Isso é afronta?. Não é afronta, é uma realidade. Ser acusado disso?”, indagou o presidente, mostrando irritação.
“Algum hacker mudou o nome da página e ‘mudou o resultado das eleições’. Eu gastei R$ 2 milhões na campanha, que vocês doaram. É até vergonhoso dizer que um Tribunal Superior tá julgando uma ação como essa”, continuou.