Por sugestão de Lira, deputados preparam candidatura contra Bia Kicis na CCJ da Câmara
Ofensiva visa minar a candidatura de Bia Kicis (PSL-DF), apontada pela sigla como indicada para comandar a comissão mais importante da Casa
atualizado
Compartilhar notícia
O deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) tem sido procurado por deputados de diversas siglas para lançar candidatura avulsa ao comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
A ofensiva visa minar a candidatura da deputada Bia Kicis (PSL-DF), apontada pelo partido como indicada para comandar a comissão mais importante da Casa. O nome de Kicis vem sofrendo resistência interna e também tem incomodado ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Kicis é alvo de investigação sobre divulgação de fake news e realização de atos antidemocráticos.
Segundo apurou o Metrópoles, o próprio presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pediu para o PSL reavaliar a indicação. Por acordo em função do tamanho da bancada, cabe ao partido indicar um nome para a comissão, e a decisão é interna.
Além de oposicionistas do governo, deputados do Centrão, bloco liderado por Lira, também passaram a pressionar pela indicação de um nome menos rejeitado.
Na avaliação de parlamentares, a deputada bolsonarista usaria a comissão mais importante da Casa para travar uma “batalha ideológica” e traria desgastes desnecessários ao governo Jair Bolsonaro e ao novo presidente da Casa, Arthur Lira, na aprovação de matérias relevantes. Todas começam pela CCJ.
Caso Andrada decida se lançar candidato, ele pode disputar o comando do colegiado com Kicis no voto. Nos últimos dias, o nome do deputado vinha sendo cotado para assumir o Ministério da Cidadania, em um eventual rearranjo na Esplanada dos Ministérios decorrente do possível deslocamento do ministro Onyx Lorenzoni para a Secretaria-Geral da Presidência.
Com trajetória política de quase 30 anos, Andrada está no primeiro mandato de deputado federal e pertence a uma família tradicional da política brasileira. Seu pai, Bonifácio de Andrada, morreu recentemente, vítima de Covid-19. A família é descendente do Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva.
As conversas com Andrada, no entanto, ainda estão em fase inicial. Segundo o 1º vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), é preciso aguardar a reunião da Mesa Diretora e do colegiado de líderes para formar opinião sobre essa possibilidade. Ambas as reuniões devem acontecer na quinta-feira (4/2): a Mesa vai se reunir às 10h, e o colégio de líderes, às 15h.
Segundo o vice-presidente do PSL, deputado Junior Bozzella (SP), a ala “raiz” do partido, de cunho menos bolsonarista, vai brigar pela expulsão da deputada para que ela não possa assumir. “O nome dela não é palatável na ala da racional do partido”, disse ele.
Nesta quarta, a deputada Joice Hasselmann (SP), também do PSL, afirmou que não irá aceitar a indicação da colega e referendou a tese de candidatura avulsa para fazer frente a Kicis.
A tal da @Biakicis é racista, antidemocrática, capacho do planalto e do coroné @jairbolsonaro, contra a democracia, e acha que será presidente da CCJ. Bobinha!!! Já articulamos candidatura avulsa e se ela quiser vir pra briga terá no máximo 10 votos. Beijinho no ombro. Xeque-mate
— Joice Hasselmann (@joicehasselmann) February 3, 2021
Outro nome lançado hoje é o da deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS), que comunicou que lançará também candidatura própria para contrapor a indicação do bloco majoritário.
“Bia Kicis, negacionista de carteirinha, que rejeita o uso de máscara e que comemorou o fim do lockdown em Manaus dias antes da falta de oxigênio, deveria estar sendo investigada no Conselho de Ética por sabotagem ao combate à pandemia. Cometeu crimes contra a verdade, e portanto, contra o país”, afirmou Melchionna.
A CCJ é tida como a comissão mais importante da Câmara, pois é nela que se define a legalidade ou não de cada proposta em tramitação. O colegiado também decide sobre o prosseguimento ou não de pedidos de impeachment do presidente da República.