Por reajuste, delegados da PF aprovam medidas para pressionar governo
Insatisfeita com a ausência de resposta do governo, a categoria informou que discutirá possível paralisação
atualizado
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A Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) realizou, na última terça-feira (19/4), uma assembleia com participação de todos os integrantes, no intuito de elaborar estratégias para pressionar o governo federal a assinar medida provisória que, por meio de uma reestruturação de carreiras, concederá R$ 1,7 bilhão à categoria.
Em nota, representantes da associação se dizem “frustrados” e afirmam que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) cresceu com a pauta da segurança pública, mas não direciona investimentos nem empenhos suficientes para esse segmento.
“O sentimento de frustração da categoria se amplifica diante do noticiado reajuste linear para os servidores públicos federais. Alinhados aos sentimentos de todas as forças de segurança ligadas ao Ministério da Justiça, que viram a pauta da segurança pública ser alçada como bandeira pelo governo, enquanto os policiais não receberam qualquer valorização do seu trabalho e sacrifício”, pontua o documento.
Entre as medidas para pressionar o governo, consta um ato de mobilização que abrangerá todos os policiais federais do país. O evento está agendado para o próximo dia 28 de abril.
Os agentes também pedem o pagamento prévio de viagens feitas por delegados federais, a realização de “operações-padrão” e a redução de produtividade nas atividades administrativas de fiscalização.
A instituição também informa, em comunicado, a possibilidade de haver paralisação das atividades dos servidores da Polícia Federal. A medida será discutida em outra assembleia, marcada para o próximo dia 2 de maio.
“Caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político”, finaliza a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal.
Veja a íntegra da nota pública:
Nota ADPF by Tacio Lorran Silva on Scribd
Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, o Orçamento de 2022. De acordo com a publicação, o chefe do Executivo federal concedeu reajustes salariais a servidores públicos. A iniciativa custará R$ 1,7 bilhão.
A peça orçamentária, contudo, não definiu em seu texto quais categorias são beneficiadas ou como os recursos devem ser aplicados.
A ideia inicial do governo era direcionar os recursos para agentes da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A equipe econômica, na época, manifestou-se contra a medida, sob o argumento de que a concessão de reajuste poderia gerar pressões de outros setores do funcionalismo.
Até a última semana de março, nenhuma decisão havia sido tomada pelo Palácio do Planalto acerca do orçamento disponível. No dia 13, segundo apurou o colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, o governo chegou ao consenso de conceder reajuste salarial de 5% para todos os servidores públicos federais, a partir de julho.