Por eleições na Câmara, Planalto mapeia cargos para alocar aliados de Lira
Eleição para definir o sucessor de Maia será em 1º de fevereiro. Governo intensificou a articulação para garantir a vitória de seu candidato
atualizado
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A uma semana das eleições que definirão o sucessor do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governo federal intensificou a articulação para garantir a vitória de seu candidato, o deputado Arthur Lira (PP-AL).
No intuito de que o líder do Centrão seja eleito, o Palácio do Planalto passou a mapear cargos no primeiro e segundo escalão, para entregá-los a aliados de Lira. Os principais postos estão no Ministério da Saúde, no Ministério do Desenvolvimento Regional e na Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério da Economia.
As negociações começaram no início da semana passada, com autorização para que as nomeações sejam publicadas no Diário Oficial da União (DOU). Desde então, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, responsável pela articulação com o Congresso Nacional, têm reservado tempo significativo para as tratativas.
Ao Metrópoles, um interlocutor definiu os acordos como uma “moeda de troca”.
De acordo com a agenda divulgada pelo Palácio do Planalto, em 10 dias, Bolsonaro recebeu oito deputados do Centrão. Já Ramos recebeu 11 parlamentares do bloco. Por vezes, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, participou dos encontros. No total, foram 8h20min de negociações.
O Centrão reúne parlamentares de legendas de centro e centro-direita. Entre os partidos desse bloco, estão PP, PL, Republicanos, Solidariedade e PTB. Siglas como PSD, MDB e DEM não se consideram parte do grupo, mas, em negociações estratégicas, costumam estar alinhadas – o mesmo vale para legendas menores, como PROS, PSC, Avante e Patriota.
Desde a campanha eleitoral, o presidente critica o que chama de “velha política”, que é justamente a troca de cargos por apoio, conhecida também por “toma lá, dá cá”. O mesmo Centrão buscado por Bolsonaro participou da base dos governos de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), permutando apoio por cargos.
Centrão x Impeachment
Essa não é a primeira vez que Bolsonaro recorre ao Centrão em favor próprio. No ano passado, ainda nos dois primeiros meses da pandemia de Covid-19, o presidente mais que triplicou os encontros com o bloco, para escapar de eventual processo de impeachment.
A aproximação do presidente com o Centrão também teve o objetivo de formar uma base estável para aprovar projetos de interesse do governo, além de barrar eventuais denúncias no Congresso.
À época, Bolsonaro negava que estivesse negociando cargos em troca de apoio, mas, por trás das cortinas, o governo estava entregando cadeiras importantes ao bloco.
Eleições na Câmara
Atualmente, nove deputados estão na corrida para serem eleitos presidente da Câmara. O pleito está marcado para ser realizado em 1º de fevereiro.
A disputa está focada no candidato do governo, Arthur Lira, e no candidato de Maia, Baleia Rossi (MDB-SP).
O bloco de Lira dispõe, agora, do apoio de PP, PSL, PL, PSD, Republicanos, Pros, Patriota, PSC, PTB e Avante – 249 parlamentares. O Podemos, com 10, apesar de não ter oficializado, deve seguir com ele, totalizando 259 deputados.
Apoiado pelo presidente da Câmara, Rossi conta com os votos de 12 partidos – PT, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Solidariedade Cidadania, PV, PCdoB e Rede –, que somam 242 parlamentares.
Rossi tinha o apoio do PSL, mas, após um racha no partido, a maior parte dos deputados passou a integrar o bloco de Lira. Com isso, essa ala conseguiu 19 assinaturas, o que formou maioria em relação à bancada atual da legenda na Câmara, que tem 36 parlamentares.