Por aclamação, PMDB rompe oficialmente com governo Dilma
A decisão já era esperada. Partido avisa a seus ministros que eles devem deixar os cargos imediatamente
atualizado
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O PMDB rompeu oficialmente com o governo Dilma Rousseff. A decisão foi tomada durante a reunião do Diretório Nacional e anunciada na tarde desta terça-feira (29/3). A saída do partido já era esperada pelo PT. Na segunda-feira (28), o vice-presidente Michel Temer afirmou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o partido iria se afastar da base governista.
O aviso oficial do rompimento ocorreu às 15h15 desta terça-feira, após reunião que durou três minutos. O anúncio foi feito pelo senador Romero Jucá. “A partir de hoje o PMDB se retira da base do governo de Dilma Rousseff”. Por aclamação, a decisão foi acatada pelos integrantes da cúpula presentes no Plenário da Câmara. Jucá também afirmou que todos os ministros do partido devem se demitir de cargos no governo imediatamente. Após a confirmação do desembarque do governo, os peemedebistas gritaram “fora PT”.
A moção que solicitava a retirada do PMDB do governo colocada em votação representou outras 11 apresentadas. A votação simbólica terminou com gritos de “Temer presidente”. Ao ser perguntado sobre a rapidez com que foi feita a votação, o deputado Eduardo Cunha agiu com ironia: “Achei até que demorou”.
A bancada de Brasília também esteve presente à reunião. Além de Tadeu Filippelli, presidente regional da legenda e assessor direto de Temer, os deputados distritais Rafael Prudente e Wellington Luiz participaram da votação. Para Luiz, o fato é histórico. “É uma decisão mais impressionante da história do partido”, declarou.
Interlocutores de Temer afirmaram que o vice-presidente conversou com o presidente do Senado, Renan Calheiros, na tarde de segunda para chegar a um acordo sobre o rompimento. Renan era representante da ala governista do partido e não queria se afastar da base de Dilma Rousseff. Porém, ficou acertado entre os parlamentares que o PMDB deveria deixar o apoio à presidente. Além disso, os peemedebistas que ocupam cargos nomeados por Dilma teriam até o dia 12 de abril para pedir demissão.
A debandada do PMDB já havia começado. O Ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, pediu demissão do cargo ainda na segunda. Sobram seis ministérios com líderes peemedebistas: Minas e Energia (Eduardo Braga); Aviação Civil (Mauro Lopes); Saúde (Marcelo Castro); Ciência e Tecnologia (Celso Pansera); Agricultura (Kátia Abreu); e Portos (Hélder Barbalho).
Moção
Apresentada pelo diretório estadual da Bahia, a moção que aprovou o desembarque do PMDB do governo pede a “imediata saída do partido da base de sustentação do governo Dilma Rousseff”, com “imediata entrega de todos os cargos”, mas não estabelece prazo para entrega desses postos.
Na moção, o PMDB considera ainda que a manutenção do partido na base aliada do governo Dilma Rousseff vai “de encontro à pretensão” da legenda de lançar candidato próprio na eleição presidencial de 2018 e “principalmente, o anseio do povo brasileiro por mudanças urgentes na economia e política nacional”. O partido não cita a palavra impeachment no texto.
“Solicitamos a imediata saída do PMDB da base de sustentação do governo federal com a entrega de todos os cargos em todas as esferas da administração pública federal”, conclui o texto da moção aprovada.
Na moção, o partido defende o desembarque do governo Dilma Rousseff, elencando uma série de problemas. Entre eles, as crises “econômica, moral e política” que, na avaliação do diretório estadual baiano, o Brasil vive e as “escolhas erradas nas ações do governo federal”.
A legenda também considera que, embora Michel Temer seja vice-presidente da República, o partido “nunca foi chamado para discutir soluções econômicas ou políticas para o País”. No documento, a legenda cita ainda “escândalos de corrupção” que tiveram participação de integrantes do governo, sem especificar que escândalos são esses.
Impeachment
Na espera pelo impeachment da presidente Dilma, o PMDB já elabora, nos bastidores, um plano de governo, modificando o documento lançado pelo partido no fim do ano passado, “Uma Ponte para o Futuro”, que apresenta propostas para a retomada do crescimento econômico. As medidas discutidas agora revisam gastos na área social e sugerem novas políticas para a área.
Em debate, estão o fim de subsídios, diminuição da abrangência dos programas, mudanças na concessão de bolsas de estudos e até alternativas para tornar o SUS mais eficiente.
Com o afastamento do PMDB, outros aliados dão sinais de saída do governo. No comando do Ministério das Cidades, o PSD decidiu liberar seus 31 deputados para votar como quiserem em relação ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. O PP, responsável pelo Ministério da Integração Nacional, afirmou que deve fazer o mesmo em data próxima.
Já o PTB, que cuida do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, afirmou que só tomará qualquer decisão depois que o deputado Jovair Arantes (GO) apresentar seu relatório na comissão do impeachment.