“Podem somar ao SUS”, diz Queiroga após jantar com empresários em SP
Comitiva do governo, liderada pelo presidente Jair Bolsonaro, participou de reunião com representantes do mercado financeiro
atualizado
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São Paulo – O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou, nesta quarta-feira (7/4), que espera contar com a iniciativa privada para aumentar a imunização diária de brasileiros contra a Covid-19, atualmente em torno de um milhão de doses aplicadas.
De acordo com ele, o Instituto Butantan e a Fiocruz, assim como o empresariado brasileiro, podem acelerar o ritmo de vacinação no país. Ele se refere à aprovação do projeto que permite que empresas comprem imunizantes contra a doença, sem a necessidade de repassá-los ao SUS. A medida foi aprovada na Câmara nessa terça-feira (6/4) e precisa passar pelo Senado antes de ser sancionada pelo Planalto.
“Estamos buscando alternativas para viabilizar também a participação da iniciativa privada, não para desviar os principais básicos do SUS, mas para se somar a ele e assim fortalecemos a nossa campanha de vacinação”, disse o ministro.
Queiroga participou, juntamente com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e mais três ministros, de um jantar com cerca de 20 empresários na casa de Washington Cinel, proprietário da empresa de segurança Gocil.
Agenda positiva
O presidente Bolsonaro saiu do encontro sem conversar com a imprensa. Queiroga e os ministros Paulo Guedes (Economia), Fábio Faria (Comunicação) e Tarcísio Gomes (Infraestrutura) falaram com os jornalistas.
“Esse é um momento ímpar na história do nosso Brasil. Estamos aqui com as autoridades constituídas para vencer a cada dia, fazer a vacinação em massa e ter uma agenda econômica positiva, buscando resultado, isso é o que nos interessa”, destacou Cinel.
De acordo com a equipe do governo, o encontro com os empresários foi marcado pela união entre ambas as partes. Além da vacinação, a retomada da economia brasileira em 2021 foi tratada no jantar.
Produção de Coronavac
Um dos possíveis entraves na imunização em território nacional é a paralisação de produção de vacinas. O Instituto Butantan anunciou que vai parar de produzir temporariamente a Coronavac por falta de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), que vem da China.
O ministro Queiroga tem apostado na diplomacia com o país asiático para assegurar o envio de material. A expectativa é que os insumos cheguem ao Brasil na próxima semana.
“O embaixador [da China no Brasil], Yang Wanming, está muito sensível a essa questão. Vamos continuar dialogando para buscar superação dessa questão do IFA e fazer com que o Butantan possa ter a sua capacidade produção restabelecida para vacinar a nossa população.”
“Presidente de cemitério”
Antes da reunião com os dirigentes de empresas, houve uma manifestação contra o presidente Bolsonaro. A arquiteta Flávia Rudge Ramos, 57 anos, levantou um cartaz contra o chefe do Executivo federal em que o chama de “presidente de cemitério”, em alusão aos recordes de mortes por Covid-19.
Ao Metrópoles, ela explicou por que protestou sozinha contra Bolsonaro. “Eu estou vendo essa tragédia sem precedentes que a gente está vivendo e a responsabilidade é dele. Não comprou vacina, cortou verba do SUS. Ele é perverso, o povo tem que se revoltar, ele tem que sofrer impeachment”, criticou.
Flávia acredita que a condução do governo federal no combate à pandemia tem deixado a desejar. Ela cita, por exemplo, o desabastecimento de oxigênio em Manaus (AM), que sofreu colapso na saúde pública em janeiro deste ano, quando Eduardo Pazuello ainda era ministro da Saúde.
“E o Bolsonaro ainda continua defendendo remédios sem comprovação científica e persegue governadores que decretam lockdown”, complementou Flávia. Para ela, o encontro desta noite foi pautado por interesses privados, e não públicos.
Nesta quarta, o Brasil registrou 3.829 mortes e 92.625 infectados pelo novo coronavírus. No total, o país já perdeu 340.776 vidas para a doença e computou 13.193.205 casos de contaminação.