Plano Amazônia: Mourão vai focar em municípios, “maiores desmatadores”
Na ocasião, Mourão se mostrou positivo com as metas do novo Plano Amazônia. No entanto, os números são menores do que os já registrados
atualizado
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O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) se reuniu, na manhã desta quinta-feira (15/4), com alguns ministros integrantes do Conselho da Amazônia Legal para discutir a publicação efetiva, no Diário Oficial da União (DOU), do Plano Amazônia 2021/2022.
“Nós fizemos uma avaliação da situação do momento, mostramos as áreas onde houve uma intensificação de ações de desmatamento. Cada ministro expôs a dificuldade que tem para realizar suas tarefas”, disse Mourão após a reunião com os titulares das pastas.
Mourão também reafirmou o problema orçamentário enfrentado pelo conselho para aplicar as ações previamente propostas no Plano Amazônia. “Vamos fazer uma avaliação melhor das necessidades de recurso. Nós temos problemas orçamentários. Uma porção de coisa que ainda tem que ser melhor organizada, principalmente em termo de recursos”, enfatizou.
Na opinião do vice-presidente, a saída é fazer mais com menos. “Não adianta a gente querer achar que vai aparecer dinheiro porque não vai. Nós temos que operar com o que temos e da forma mais eficiente possível”, apontou.
Segundo ele, a ideia é focar a atuação junto aos municípios, “os maiores desmatadores”, nas palavras de Mourão. “Eles são responsáveis por 70% do desmatamento”.
Críticas
Na manhã desta quinta-feira (15/4), o general disse que a crítica sobre as metas anunciadas no Plano Amazônia “faz parte”. Especialistas dizem que meta da redução de desmatamento é menor que a devastação registrada pelo governo.
Mourão se mostrou positivo sobre o cenário de recuperação dos territórios afetados e fez projeções.
“Crítica faz parte. Vamos lembrar o seguinte: qual é a nossa NDC, relação ao desmatamento ilegal? Chegar a 2030 com ele zerado. Então, temos que ir por etapa. Não adianta eu chegar e dizer que ano que vem eu vou derrubar em 5 mil, 6 mil. Eu vou derrubando pouco a pouco, até chegar 2030 com isso zerado. Se conseguir antes, ótimo”, disse.
O objetivo, nos próximos dois anos, é fechar com 15 mil quilômetros. “Em relação aos dois últimos, que foram 21 mil, eu já reduzi 30%. Assim vamos sucessivamente até estrangular esse processo”, argumentou.
Aprovação do Plano Amazônia 21/22
Foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) de quarta-feira (15/4) a Resolução Nº 3, de 9 de abril de 2021, que aprovou o Plano Amazônia 2021/2022. O plano de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia foi apresentado pelo Conselho da Amazônia Legal – do qual o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) é presidente – no começo de fevereiro, na primeira reunião do conselho de 2021.
O Plano Amazônia 2021/2022 substitui a operação intitulada como Operação Verde Brasil 2, deflagrada em maio de 2020 e prorrogada até o próximo dia 30 de abril de 2021. O principal objetivo da operação é conter o avanço do desmatamento, focos de incêndio e garimpo ilegal na Amazônia
O documento de 12 páginas indica a intenção do conselho em reduzir, até o final de 2022, “os ilícitos ambientais e fundiários, bem como as queimadas e o desmatamento ilegal, aos níveis da média histórica do PRODES (2016/2020)”.
Além disso, o plano prevê também, assegurar o engajamento federal nas ações de proteção, preservação e desenvolvimento sustentável, na Amazônia Legal.
Na tarde de quarta-feira (15/4), organizações ambientais e figuras de destaque da área criticaram, enfaticamente, a publicação do plano no DOU.
Veja a publicação do Observatório do Clima e de Márcio Astrini, secretário-executivo:
ATENÇÃO! O REGIME AGORA DIZ QUE TEM META DE REDUÇÃO DE DESMATAMENTO! (mas não se animem, porque é pegadinha do @GeneralMourao)
Saiu hoje no DO o “plano” de combate ao desmatamento com o qual o Brasil pretende abocanhar o frango assado do @ClimateEnvoy. /1https://t.co/N1zfLihWI0— Observatório do Clima, 19 anos (@obsclima) April 14, 2021
Saiu hoje no diário oficial a meta do governo para desmatamento da Amazônia. A idéia é chegar em 2022 com 17% de desmatamento A MAIS do que existia antes do governo Bolsonaro.
Isso não é meta, é confissão de culpa! pic.twitter.com/tRS4Ischop— Marcio Astrini (@MarcioAstrini) April 14, 2021