Picciani sinaliza que pode voltar à liderança do PMDB na Câmara
Michel Temer recebeu o novo líder, Leonardo Quintão (MG), no Palácio do Jaburu
atualizado
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Após a decisão da maioria do PMDB de trocar a liderança do partido na Câmara, o ex-líder da legenda Leonardo Picciani (RJ) sinalizou que tentará voltar à função. Apesar de dizer que recebeu com tranquilidade a notícia, o peemedebista minimizou a decisão da maioria da bancada ao afirmar que ela foi tomada com a diferença de apenas um voto. Ele disse também que não se surpreendeu com o apoio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), para a sua saída do cargo.
Picciani criticou a forma como foi destituído. Ele lembrou que a prática de realizar listas para a escolha de líderes no partido estava extinta desde que Henrique Eduardo Alves assumiu a presidência da Câmara e declarou como “aberta” uma nova temporada de decisões baseadas neste preceito. “Não sei se ocorrerá ou não, mas a qualquer momento pode vir uma lista e trocar o líder da bancada”, disse, sinalizando que pode voltar caso consiga votos a seu favor.
Ao classificar a bancada do partido na Câmara como “rachada” após a movimentação para a troca da liderança, Picciani disse que voltará se essa for uma decisão do PMDB. “Se a bancada em algum momento achar que eu deva voltar à função (de líder), eu posso vir a retornar. Se não, continuarei a desempenhar meu mandato no plenário da Câmara dos Deputados”, afirmou.
Questionado sobre seu papel de líder do PMDB na Casa, Picciani afirmou que suas escolhas para a comissão especial que avaliará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff foram neutras, representavam a bancada e que “todos os indicados para a comissão teriam liberdade de se posicionar”. A ala rebelde do PMDB criticou as escolhas e articulou com a oposição uma chapa paralela que acabou escolhida em votação na Câmara.
Picciani fez questão de frisar que não conversou com o Palácio do Planalto sobre a decisão do PMDB e lembrou que Cunha não o apoiou quando ele foi eleito líder. “Ele ficou neutro na disputa e não trabalhou nos bastidores”, disse.
Sobre sua responsabilidade na reforma ministerial realizada pela presidente Dilma Rousseff, quando ele indicou alguns nomes, o ex-líder destacou que os “ministros são do governo e cumprem seu papel junto ao governo”. Segundo ele, “quem definiu pela indicação dos ministros foi a maioria da bancada”.
Questionado sobre sua passagem pelo cargo, Picciani afirmou que “acredita ter cumprido a missão, defendido a bancada, os interesses”, mas que não cabe a ele “o desejo de voltar a ser líder”.
Sem entrar em conflito, o ex-líder preferiu deixar para o presidente Cunha os esclarecimentos sobre o apoio ao novo líder Leonardo Quintão (PMDB-MG). “Cabe a ele saber as razões, minha relação com ele permanece a mesma que sempre foi, política”, finalizou.
Temer recebe novo líder
Horas depois de assumir a liderança do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Quintão (MG) foi recebido nesta quarta-feira, 9, pelo vice-presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu.
Aliado da presidente Dilma Rousseff, o deputado Leonardo Picciani (RJ) foi afastado do cargo por ação do grupo favorável ao impeachment da petista.
O então líder do PMDB havia se recusado a indicar parlamentares contrários ao impeachment para a Comissão Especial que vai analisar o pedido de afastamento.
Em declaração após assumir a liderança, Quintão se mostrou disposto a conversar com Dilma, mas que a posição que ele reapresentará será a da ala majoritária do PMDB, ou seja, contrária ao governo e favorável ao impeachment.
Assessores de Temer negam que ele esteja trabalhando pelo afastamento de Dilma, mas o vice tem mantido contato direto com a ala oposicionista do PMDB. Nesta terça-feira, 8, ele foi procurado por integrantes da bancada que pediram o seu apoio para derrubar Picciani.