Picciani reconhece dificuldade de entregar votos pró-governo
O líder do PMDB na Câmara assumiu que não conseguirá entregar os votos prometidos ao governo na votação contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff
atualizado
Compartilhar notícia
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), reconheceu a aliados que não conseguirá entregar os 25 votos contra o impeachment prometidos ao governo, na votação do próximo domingo (17). Nos últimos dias, o vice-presidente Michel Temer tem conversado com vários parlamentares peemedebistas, o que fez crescer o grupo contra o governo.
Picciani mantém o discurso de que a presidente Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade, como sustenta a oposição, mas diz que esta é uma opção pessoal. A ala oposicionista do partido pressiona o líder a manifestar em plenário a posição majoritária pelo afastamento da presidente. A bancada do PMDB tem 66 deputados atualmente. Nas contas dos aliados de Temer, os votos do PMDB a favor de Dilma não passarão de dez.Nesta quarta-feira (13), o deputado Newton Cardoso Jr. (MG), um dos principais apoiadores de Picciani na campanha pela reeleição de líder, anunciou o voto a favor do impeachment de Dilma. Cardoso Jr. disse ter resistido a “pressões ilegítimas” para ficar ao lado do governo, mas afirmou ter tomado a decisão diante “da situação que o País vive e da gravidade do Estado de Minas Gerais, terra natal da presidente, que vive esfacelamento, com contas públicas em situação deplorável”.
“Somos duros e refratários a pressões ilegítimas, estamos unidos por posição a favor do Brasil e minha posição é favorável ao impeachment da presidente tendo em vista que a situação precisa mudar. Temos unidade do partido a respeito disso e confiança no nosso vice-presidente Michel Temer para ser o condutor dessa nova realidade”, disse.
O deputado disse que as pressões ilegítimas são mensagens com ameaças e xingamentos que tem recebido. Cardoso Jr. negou ter sido procurado com oferta de cargos e outras barganhas. “Não me coloquei à disposição de qualquer tipo de oferta, estou falando de pressão de grupos ilegítimos”, declarou.
O PMDB mineiro, segundo Cardoso Jr., entregará o comando da Ceasa de Minas Gerais, dominada pelo partido. Cardoso Jr. disse que, apesar de estar em minoria no PMDB, Leonardo Picciani continua a ter o respeito e a confiança do partido. “Estamos unidos a favor do líder, respeitamos a coerência que ele precisa manter neste momento, mas ele está ciente de que vamos caminhar unidos em prol do País”, afirmou.
Mauro Lopes
Vice-líder do PMDB, o deputado Leonardo Quintão (MG) afirmou que a bancada mineira do partido vai pressionar o ministro Mauro Lopes a reassumir o cargo de deputado e votar a favor do impeachment. Nomeado graças a uma negociação direta do líder Picciani com Dilma, no ano passado, Lopes tem dito que voltará à Câmara para votar contra o afastamento da presidente.
“Vamos avisar ao Mauro Lopes que é inadmissível que o ministro mineiro, nosso amigo, permaneça no cargo e não venha votar favorável ao impeachment. Mauro tem nosso respeito, mas não pode fazer isso com o PMDB de Minas, com Michel Temer, de quem é amigo pessoal, e com o partido em nível nacional. Caso ele não deixe o cargo, a própria história irá mostrar a situação desses ministros que querem estar no poder. Eles não são ministros de governo, são do poder. Não podem estar no governo atual, quando haverá uma transição, porque vamos ganhar o impeachment, e permanecer no cargo logo após. Isso é incoerência, irresponsabilidade, desrespeito com o eleitor e com o PMDB”, atacou.