PGR pede prisão de Renan, Sarney e Jucá por tentarem barrar Lava Jato
Os pedidos de prisão já estariam com o ministro Teori Zavascki, do STF, há pelo menos uma semana
atualizado
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O cerco começa a se fechar ainda mais para o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e do senador Romero Jucá (PMDB-RR). O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão dos três, que foram flagrados tramando contra a Operação Lava Jato em conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Os pedidos de prisão já estariam com o ministro Teori Zavascki, do STF, há pelo menos uma semana. A informação foi publicada na edição desta terça-feira (7/6) do jornal O Globo.
De acordo com informações da Globonews, divulgadas também nesta terça, foi pedida ainda a prisão do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No caso de Sarney, a prisão seria domiciliar, por conta de sua idade (86 anos). O ex-presidente seria obrigado a usar tornozeleira eletrônica.
Nas gravações, Jucá tratou a saída da presidente Dilma Rousseff como uma forma de “estancar a sangria” da operação e perdeu o cargo. Renan defendeu mudanças na lei de delações premiadas, o que já era uma posição pública defendida por ele. Sarney, por sua vez, falava em buscar uma ponte com o ministro Teori. Todos os três negam qualquer tentativa de interferência nas investigações.Porém, os indícios de conspiração são considerados pelos investigadores mais graves que as provas que levaram Delcídio Amaral à prisão, em novembro do ano passado, e à perda do mandato, em maio.O ex-senador petista tentou manipular a delação do ex-diretor de Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, enquanto Renan, Sarney e Jucá planejavam derrubar toda a Lava-Jato.
De acordo com a reportagem, Janot também pediu o afastamento de Renan da presidência do Senado, usando argumentos similares aos empregados no pedido de destituição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e do mandato de deputado federal, o que acabou sendo atendido pelo STF.
Segundo a fonte do O Globo, que teve acesso às investigações, não há dúvida de que, se a trama não fosse documentada pelas gravações de Sérgio Machado, a legislação seria modificada de acordo com o interesse dos investigados, travando a Laja Jato. Renan, Jucá e Sarney estão entre os políticos mais influentes do Congresso.
Propina
Em seus depoimentos, Machado disse que distribuiu R$ 70 milhões em propina para Renan, Sarney e Jucá, entre outros políticos do PMDB durante os 12 anos que esteve à frente da Transpetro. A divulgação de parte das conversas de Machado já resultaram na demissão de Jucá do Planejamento e do consultor Fabiano Silveira, do Ministério da Transparência, em menos de um mês de governo Temer.
Agora, caberá ao STF deliberar sobre o pedido de Janot. O pedido foi encaminhado a Teori, mas depende de decisão do plenário do tribunal. Nos últimos dias, Teori sondou colegas de tribunal sobre o assunto. Esta é a primeira vez que um procurador-geral da República pede o afastamento e a prisão de um presidente do Senado. Renan é alvo de 12 inquéritos no STF.
O outro lado
Renan nega que tenha agido para barrar a Lava Jato. Disse que na conversa com Machado apenas expressou um ponto de vista sobre a operação. Jucá, que perdeu o posto de ministro de Planejamento logo depois que as gravações vieram á tona, garante que não recebeu qualquer dinheiro ou que tenha autorizado alguém a receber recursos em nome dele.
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de Sarney, informou que não poderia responder sobre fragmentos de uma delação. Antes de dar entrevista, ele quer ter acesso completos ao autos. (Com informações de O Globo, Extra e Brasil 247)