PGR desiste de denúncia contra Arthur Lira, um dos líderes do Centrão
Procuradora alega fragilidade nas provas atribuídas ao deputado federal e solicita que STF rejeite denúncia
atualizado
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A subprocuradora-geral da República e chefe da Lava Jato, Lindôra Araújo, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que rejeite uma denúncia oferecida pela própria Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Arthur Lira (PP-AL).
Lira é um dos líderes do chamado Centrão, grupo que integra a base do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara dos Deputados.
A subprocuradora é uma das auxiliares mais próximas de Augusto Aras, procurador-geral da República. Ela se manifestou de maneira favorável a um pedido feito pela defesa do deputado, que alegou não haver provas na denúncia que relacionem o parlamentar a um suposto recebimento de R$ 1,6 milhão da empreiteira Queiroz Galvão, como apontou uma investigação baseada na Operação Lava Jato.
Quando a Justiça aceita a denúncia do Ministério Público Federal, é aberta uma ação penal e o denunciado se torna réu. Cabe ao STF o veredito sobre o pedido da subprocuradora-geral para que a denúncia seja rejeitada. A tendência é de que a Corte acate o pedido.
Arthur Lira foi denunciado em junho por corrupção passiva, pois teria recebido quase R$ 1,6 milhão em duas etapas, como propina da empreiteira Queiroz Galvão, para que o partido dele apoiasse a permanência de Paulo Roberto Costa, outro alvo da Lava Jato, como diretor de Abastecimento da Petrobras. O dinheiro, em espécie, teria sido recebido por um assessor do parlamentar e operacionalizado pelo doleiro Alberto Youssef.
A procuradoria afirma que não há provas da relação entre o parlamentar e a empreiteira. Lindôra também alega que as narrativas apresentadas por Youssef e Carlos Rocha sobre o destino dos valores pagos pela construtora são contraditórios.
Também foi alegado não existir na planilha de controle do “caixa de propina” à disposição do Partido Progressista qualquer dado sobre os referidos valores que seriam destinados ao deputado Arthur Lira. Esses fatos levaram Lindôra a argumentar fragilidade probatória quantos aos fatos atribuídos ao parlamentar.
Na época da denúncia, o advogado Pierpaolo Bottini, que representa Lira, disse em nota que os colaboradores da Lava Jato tentam “reiteradamente” envolvê-lo em ilícitos porque ele faria parte de um grupo que, na liderança do PP, “afastou Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef do partido”.