PF não abriu inquérito sobre possível compra superfaturada da Covaxin
Suspeitas contra a vacina Covaxin foram levadas ao presidente Jair Bolsonaro, que teria se comprometido a pedir investigação sobre o assunto
atualizado
Compartilhar notícia
A Polícia Federal não instaurou um inquérito sequer, a pedido do presidente da República, Jair Bolsonaro, para investigar a compra da vacina indiana Covaxin, de acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo.
Segundo o jornal, a informação foi repassada por fontes da corporação após as informacões trazidas a público pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), ex-aliado do presidente. Ele disse ter levado ao conhecimento do chefe do Executivo a denúncia sobre um esquema de corrupção envolvendo a aquisição do imunizante.
De acordo com informações passadas pelo parlamentar, havia uma pressão fora do normal, sofrida pelo seu irmão, Luís Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde.
Dizendo-se preocupado com a possibilidade de atos de corrupção, o parlamentar informou ter se reunido com o presidente a fim de alertá-lo sobre o caso. De acordo com o deputado, Bolsonaro teria garantido, durante a reunião, que levaria o caso à PF.
Diante das denúncias feitas pelo parlamentar, o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), pediu informações ao diretor-geral da PF, Paulo Maiurino.
A repercussão das denúncias levou o vice-presidente da CPI da Covid, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a requisitar segurança para o deputado federal, o irmão dele e familiares.
Prevaricação
Os senadores da CPI querem saber se houve contato do presidente solicitando apuração das suspeitas de irregularidades em torno da aquisição do imunizante indiano, compradas pelo governo por um preço 1.000% mais alto do que o anunciado, seis meses antes, pela própria fabricante.
Se ficar comprovado que o presidente soube das suspeitas e não tomou providências para ordenar apuração, Bolsonaro pode ser acusado do crime de prevaricação.
Em agosto do ano passado, o imunizante contra a Covid-19 foi orçado em 100 rúpias, valor que equivale a US$ 1,34 a dose, segundo a Bharat Biotech, laboratório que fabrica o fármaco. A informação consta em um telegrama sigiloso da embaixada brasileira na Índia.