PF indicia primo de ex-ministro Nelson Jobim na Lava Jato
Atan Barbosa teria funcionado como operador de propinas em favor da Iesa Óleo e Gás junto a Barusco, segundo a PF
atualizado
Compartilhar notícia
O advogado Atan de Azevedo Barbosa, de 77 anos, foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa na Operação Lava Jato. No inquérito, a Federal imputou os mesmos crimes ao ex-gerente executivo da Petrobras Pedro Barusco.
Primo de primeiro grau do ex-ministro Nelson Jobim, que presidiu o Supremo Tribunal Federal (2004/2006), Atan Barbosa teria funcionado como operador de propinas em favor da Iesa Óleo e Gás junto a Barusco, segundo a PF.
Munição
Naquela ocasião, Atan acabou passando uma noite na Superintendência da Polícia Federal, no Rio, preso porque os policiais encontraram em sua casa munição sem que tivesse autorização para portá-las. Ele pagou fiança de R$ 25 mil e deixou a prisão no dia seguinte.
Atan é funcionário aposentado da estatal e foi citado em delação premiada como um dos operadores de propina do esquema de corrupção instalado na companhia petrolífera, entre 2004 e 2014
Pedro Barusco afirmou em delação premiada que de outubro de 2008 até 26 de abril de 2013 ele próprio recebeu US$ 29 mil mensais em propina em razão de contratos de uma forma global, fora do modus operandi que envolvia o Partido dos Trabalhadores, Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e outros.
Transferências
O despacho de indiciamento relata que Barusco apresentou demonstrativos de transferências bancárias feitas pela Heatherley Business LTD. para a Rhea Comercial INC. entre 2008 e 2012. Em depoimento, em junho deste ano, Atan Barbosa declarou que fez transferências para a conta de Barusco como cortesia.
“Segundo Barusco, tais valores consistiram em vantagem indevida paga por Atan Barbosa, relacionada a contratos da IESA e CBD (Companhia Brasileira de Diques) com a Petrobrás. Por meio dos comprovantes bancários apresentados pelo colaborador Pedro Barusco, é possível contabilizar um total de US$ 1.556.350,00 pagos na conta Rhea Comercial INC. pela conta Heatherley Business. Os pagamentos teriam se iniciado em 20 de junho de 2008 e cessado em 30 de abril de 2013”, registra o documento da Federal.
“Os pagamentos de vantagem indevida foram devidamente comprovados a partir da entrega dos documentos bancários apresentados pelo colaborador Barusco. A titularidade da Heatherley Business também resta comprovada a partir da análise de itens apreendidos, bem como pela confissão de Atan Barbosa. Da mesma forma, Atan Barbosa confessou que os pagamentos foram realizados visando a obter a simpatia de Barusco e alguma facilitação por sua parte em procedimentos da Petrobrás.”
A reportagem procurou os advogados de Atan Barbosa por telefone e mensagem. O espaço está aberto para a manifestação.