PF faz buscas no gabinete de Rejane Dias, mulher de governador do Piauí
Polícia investiga crimes de organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação na Secretaria de Educação
atualizado
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A Polícia Federal (PF) realizou na manhã desta segunda-feira (27/7) um mandado de busca e apreensão no gabinete da deputada federal Rejane Dias (PT-PI), esposa do governador do Piauí, Wellington Dias (PT).
Os policiais cumprem a Operação Topique, que investiga crimes de organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e fraude em licitação na Secretaria de Educação do estado.
Outros 11 mandados de busca e apreensão são cumpridos no Piauí. Segundo apurado pelo Metrópoles, a residência do casal, a secretaria de Educação e a casa de um irmão dela, que também estaria envolvido no esquema, também foram alvo da PF.
Rejane teria se licenciado diversas vezes do mandato de parlamentar para assumir a gestão da Secretaria de Educação no período em que ocorreu os crimes.
Segundo as investigações, entre 2015 e 2016, os agentes públicos da cúpula administrativa da secretaria se associaram a empresários do setor de locação de veículos para o desvio de, no mínimo, R$ 50 milhões.
Os recursos foram desviados do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate).
“Mesmo após duas fases ostensivas da operação, o governo do Piauí mantém contratos ativos com as empresas participantes do esquema criminoso que totalizam o valor de R$ 96,5 milhões, celebrados entre os anos de 2019 e 2020”, diz a PF, em nota.
“As empresas beneficiadas formavam um consórcio criminoso estável e estruturado, simulavam concorrência em licitações e, com participação de servidores públicos, se beneficiavam de contratos fraudulentos”, detalhou os investigadores.
Há indícios de que as mesmas empresas já atuam em fraudes licitatórias em dezenas de municípios do Piauí desde 2008.
As análises apontam que o modelo criminoso foi usado para contratos de locação de veículos por outras secretarias e órgãos do Governo do Piauí e por dezenas de municípios do interior.
Outro lado
Em nota, a deputada Rejane Dias informou que recebeu com “tranquilidade os desdobramentos da referida operação e, como desde o início, permanece à disposição para esclarecimentos a todas essas alegações.
A deputada informou que durante o seu exercício à frente da Secretaria de Educação, “sempre se portou em observância às Leis, tendo em vista a melhoria dos índices educacionais e a ampliação do acesso à educação dos piauienses”.
Também por meio de nota, o governador Wellinton Dias disse que “lamenta e repudia a forma como se deu a operação” e disse que as investigações são contra “empresas acusadas de fazer cartel e referentes a processos e contratos do ano de 2013, quando ele não era governador do estado”.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo governador Wellington Dias:
O governador Wellington Dias lamenta e repudia a forma como se deu a operação da Polícia Federal na manhã dessa segunda (27) em sua casa onde, atualmente, mora seu filho e família, que nunca tiveram nenhuma função no estado. Seu filho é médico e trabalha na linha de frente do combate ao coronavírus e desde março o governador mantem distanciamento recomendado pelas organizações para a preservação da saúde. O governador classifica a operação como mais um espetáculo e destaca que a vida toda ele e sua família sempre agiram respeitando as leis e as instituições.
Sobre a Operação Topic, o governador esclarece que as investigações são contra empresas acusadas de fazer cartel e referentes a processos e contratos do ano de 2013, quando ele não era governador do estado. Uma operação nestes moldes se torna desproporcional e desnecessária já que estamos falando de um fato de 2013 e em um processo em que a ex-secretária da Educação, hoje deputada federal, por meio de seu advogado, se prontificou, por duas vezes nos últimos meses, para prestar esclarecimentos, bem como para repassar todo e qualquer documento ou equipamento necessário.
O governador ressalta que o Estado é vítima e o maior interessado na resolução desta questão e irá trabalhar para que tudo seja plenamente esclarecido. Enfatiza-se que, infelizmente, muitos espetáculos ainda poderão acontecer, mas ressalta que existe a lei de abuso de autoridade para que casos como este não aconteçam indiscriminadamente.
Por fim, é necessária prudência para que ninguém seja acusado injustamente e nem seja julgada sem o pleno direito de defesa.