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PF deflagra nova fase da Operação Lava Jato nesta sexta-feira

O ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira foi preso e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, levado para depor coercitivamente

atualizado

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Polícia Federal PF
1 de 1 Polícia Federal PF - Foto: Divulgação

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (1º/4) a 27ª fase da Operação Lava Jato. Estão sendo cumpridos 12 mandados judiciais em São Paulo. Do total de mandados expedidos, 2 são de prisão temporária, 8 de busca e apreensão, além de 2 de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento. A ação foi batizada de Carbono 14.

Em nota, a força-tarefa da Lava Jato afirmou que 50 policiais estão nas ruas e que a Carbono 14 investiga esquema de lavagem de capitais de cerca de R$ 6 milhões “provenientes do crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin, cujo prejuízo foi posteriormente suportado pela Petrobras”.

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares foi alvo de condução coercitiva. Segundo a Polícia Federal, foram expedidos mandados de prisão contra o empresário Ronan Maria Pinto e Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, e mandados de busca e apreensão nas empresas DNP Eventos, Expresso Santo André Ltda e no Diário do Grande ABC.

“Há evidências de que este empresário carioca realizou transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto, além de outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores. Dentre as pessoas indicadas para recebimento dos valores por Ronan, estava o então acionista controlador do Jornal Diário do Grande ABC, que recebeu R$ 210 mil em 9 de novembro de 2004.

Na época, o controle acionário do periódico estava sendo vendido a Ronan Maria Pinto em parcelas de R$ 210 mil. Suspeita-se que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin. Uma das estratégias usadas para conferir aparência legítima às transferências espúrias dos valores foi a realização de um contrato de mútuo simulado, o qual havia sido apreendido em fase anterior da Operação Lava Jato.”

José Carlos Bumlai
De acordo com a Procuradoria da República, durante as investigações da Lava Jato, constatou-se que o pecuarista José Carlos Bumlai (foto abaixo), amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contraiu um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin em outubro de 2004 no montante de R$ 12 milhões.

“O mútuo, na realidade, tinha por finalidade a quitação de dívidas do Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão. Esses fatos já haviam sido objeto de acusação formal, sendo agora foco de uma nova frente investigatória”, sustenta a força-tarefa em nota.

Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

A partir de diligências, descobriu-se que, do valor total emprestado de R$ 12 milhões a Bumlai, pelo menos R$ 6 milhões tiveram como destino o empresário do município de Santo André (SP), Ronan Maria Pinto. Como ressaltou a decisão que decretou as medidas cautelares, “a fiar-se no depoimento dos colaboradores e do confesso José Carlos Bumlai, os valores foram pagos a Ronan Maria Pinto por solicitação do Partido dos Trabalhadores”.

Para fazer os recursos chegarem ao destinatário final, foi arquitetado um esquema de lavagem de capitais, envolvendo Ronan, pessoas ligadas ao PT e terceiros envolvidos na operacionalização da lavagem do dinheiro proveniente do crime contra o sistema financeiro nacional, afirma a força-tarefa.

Influência do PT
A força-tarefa destaca que “há evidências que apontam que o PT influiu diretamente junto ao Banco Schahin na liberação do empréstimo fraudulento.” Para chegar a Ronan Maria Pinto, os investigados se utilizaram de diversos artifícios para ocultar a origem ilícita dos valores e a identidade do destinatário final do dinheiro obtido na instituição financeira.

Em suma, há provas que apontam para o fato de que a operacionalização do esquema se deu, inicialmente, por intermédio da transferência dos valores de Bumlai para o Frigorifico Bertin, que, por sua vez, repassou a quantia de aproximadamente R$ 6 milhões a um empresário do Rio de Janeiro envolvido no esquema.

Trecho da nota do MPF

Ainda segundo os investigadores, entre “as pessoas indicadas para recebimento dos valores por Ronan, estava o então acionista controlador do Jornal Diário do Grande ABC, que recebeu R$ 210 milem 9/11/2004”.

A suspeita é que uma parte das ações foi adquirida com o dinheiro proveniente do Banco Schahin. Uma das estratégias usadas para conferir aparência legítima às transferências espúrias dos valores foi a realização de um contrato de mútuo simulado, o qual havia sido apreendido em fase anterior da Operação Lava Jato.

Pagamentos até 2012
Os investigadores Identificaram que um dos envolvidos recebeu recursos de pessoas e empresas que mantinham contratos com a Petrobras e que já foram condenadas no âmbito da Operação Lava Jato. Esses pagamentos ocorreram ao menos até o ano de 2012. As pessoas cuja prisão foi determinada já tiveram prévio envolvimento com crimes de corrupção.

A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado. Os presos serão levados para a Superintendência da PF, em Curitiba.

A última fase da Lava Jato foi realizada no dia 22 de março, quando 380 agentes foram às ruas do Distrito Federal e outras seis cidades para cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão em instalações da construtora Odebrecht.

Divulgação

Sílvio Pereira
Ligado ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, Sílvio Pereira (foto) chamou a atenção pela primeira vez, em 2005, na época do mensalão, com a revelação de que ele havia recebido de presente uma Land Rover da empresa GDK, fornecedora da Petrobras. Em seguida, saiu do partido. Antes de ser julgado pelo envolvimento no mensalão, fez um acordo para prestar serviços comunitários e não correr risco de ser preso.

O lobista e empresário Fernando Moura colocou Silvinho no foco da Lava-Jato. Ele deu detalhes sobre como o ex-secretário-geral do PT atuava na Petrobras. Contou que uma vez pegou R$ 600 mil em dinheiro na casa de Silvinho e que a quantia tinha sido entregue por uma fornecedora da estatal. Em outro depoimento, o lobista relatou que o ex-secretário-geral do PT recebia “um cala boca” de dois empreiteiros para não falar o que sabia sobre o esquema.

Reprodução/Facebook

Delúbio Soares
Já Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão no regime semiaberto pelo pelo crime de corrupção ativa no Mensalão.

Preso em novembro de 2013, foi autorizado no fim de setembro de 2014 a cumprir o restante da pena em prisão domiciliar. Em março deste ano, conseguiu o perdão da pena do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-tesoureiro do PT coordenava o núcleo financeiro do esquema e era o responsável pelo repasse de dinheiro aos deputados comprados pelo partido. Cabia a ele fazer os contatos com Marcos Valério para obtenção dos recursos que financiaram a cooptação de partidos para a composição da base aliada.

O nome de Delúbio foi relacionado à Lava Jato nas delações do senador Delcídio do Amaral. Ele afirmou que o ex-tesoureiro do PT e José Dirceu utilizaram a influência deles para que o Grupo Schahin aceitasse emprestar R$ 12 milhões a Bumlai, quantia utilizada para pagamento de chantagem contra o cúpula do PT em Santo André, no ABC paulista.

 

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