Petista pede à PGR que abra investigação contra Moro por consultoria
Pré-candidato à Presidência atuou em empresa norte-americana de consultoria ligada a alvos da Lava Jato
atualizado
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O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) protocolou, nessa quinta-feira (3/2), um pedido para que a Procuradoria-Geral da República abra investigação a fim de apurar possíveis irregularidades no contrato entre o ex-juiz Sergio Moro e a empresa americana de consultoria Alvarez & Marsal.
A informação foi confirmada pelo parlamentar nas redes sociais. Na representação, o petista solicita a expedição de ofícios ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e à Receita Federal. O objetivo é identificar movimentações suspeitas supostamente recebidas pelo ex-magistrado de empresas alvo da Lava-Jato.
Recentemente, Moro divulgou salário que recebeu por um ano de trabalho na consultoria. De acordo com o pré-candidato à Presidência da República e ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), o montante depositado mensalmente para ele entre 2020 e 2021 foi de US$ 45 mil, o equivalente a R$ 241,65 mil. Com o desconto dos impostos, ele alegou que recebia U$S 24 mil por mês — ou R$ 128,8 mil.
Como pediu para sair da empresa antes do fim do contrato, o ex-ministro bolsonarista afirmou que teve de devolver cerca de R$ 67 mil.
Segundo Moro, a atuação foi em uma área da consultoria que não cuidava de recuperações judiciais, onde estão os clientes que foram alvo da Lava Jato. Esse segmento da consultoria teria outro CNPJ, mas pertence aos mesmos donos de toda a empresa.
Investigação
Devido aos serviços prestados, Sergio Moro está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU). A Corte de Contas investiga se Moro cometeu irregularidades durante o período. A consultoria recebeu 78% de seus honorários de empresas que foram alvo da Lava Jato, operação que Moro comandava quando era juiz.
Dos R$ 83,5 milhões auferidos pela Alvarez em processos de recuperação judicial e falência, R$ 65,1 milhões vieram de firmas investigadas na Lava Jato. Moro alegou, no entanto, que atuou na área de disputas e investigações da Alvarez, um braço distinto da consultoria, com outro CNPJ e sem relação com o de recuperação judicial.
Outro lado
“O procurador do TCU Lucas Furtado, após reconhecer que o TCU não teria competência para fiscalizar a minha relação contratual com uma empresa de consultoria privada e pedir o arquivamento do processo, causa perplexidade ao pedir agora a indisponibilidade de meus bens sob a suposição de que teria havido alguma irregularidade tributária.
Já prestei todos os esclarecimentos necessários e coloquei à disposição da população os documentos relativos a minha contratação, serviços e pagamentos recebidos, inclusive com os tributos recolhidos no Brasil e nos Estados Unidos. Minha vida pública e privada é marcada pela luta contra a corrupção e pela integridade, nada tenho a esconder. Fica evidenciado o abuso de poder perpetrado por este Procurador do TCU. Pretendo representá-lo nos órgãos competentes, como já fez o Senador da República, Alessandro Vieira, e igualmente promover ação de indenização por danos morais. O cargo de Procurador do TCU não pode ser utilizado para perseguições pessoais contra qualquer indivíduo”, Sergio Moro