Perto de 100 mil mortes por Covid-19, Bolsonaro diz: “Vamos tocar a vida”
País soma 98.493 mortes em decorrência da doença. Mais cedo, presidente viabilizou R$ 1,9 bi para produção de 100 milhões de doses de vacina
atualizado
Compartilhar notícia
Ao comentar que o país se aproxima das 100 mil mortes por Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (6/8) que é preciso “tocar a vida”.
“A gente lamenta todas as mortes. Tá chegando no número de 100 mil talvez hoje. É isso? Essa semana… Mas vamos tocar a vida e buscar uma maneira de se safar desse problema”, disse o presidente durante a sua tradicional transmissão ao vivo nas redes sociais.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil soma 98.493 mortes em decorrência da pandemia do coronavírus e 2.912.212 casos confirmados.
Na transmissão, Bolsonaro voltou a defender a hidroxicloroquina no tratamento da doença, apesar do medicamento não ter eficácia comprovada cientificamente no combate à Covid-19.
Segundo ele, as “mortes poderiam ser evitadas” se a substância tivesse sido recomendada ainda no início da pandemia.
Defensor da hidroxicloroquina, o presidente ainda criticou prefeitos e governadores que não adotaram o medicamento para tratar pacientes de Covid-19.
“Se, porventura, isso daqui [hidroxicloroquina] se comprovar mais tarde, […] essas pessoas têm que responder: ‘Por quê você proibiu? Baseado em que comprovação científica você proibiu?”, indagou Bolsonaro.
E acrescentou: “Pode ser também que, mais tarde, se comprove que isso aqui não tenha sido tão eficaz assim ou até ineficaz. Paciência. Acontece”.
Vacina contra Covid-19
Mais cedo, nesta quinta, o presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que abre crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão para a produção e aquisição de 100 milhões de doses da vacina contra a Covid-19.
Medidas provisórias têm força de lei assim que publicadas, mas precisam do aval do Congresso em até 120 dias, caso contrário, a matéria perde a validade e deixa de vigorar.
O texto editado pelo presidente prevê a transferência dos recursos para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fechar o acordo com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, do Reino Unido, para que a vacina seja produzida no Brasil.
Segundo o governo, o montante de R$ 1,9 bilhão será distribuído da seguinte forma:
- R$ 1,3 bilhão para pagamentos à AstraZeneca, previstos no contrato de Encomenda Tecnológica;
- R$ 522,1 milhões para produzir a vacina na Fiocruz/Bio-Manguinhos; e
- R$ 95,6 milhões para absorção da tecnologia pela Fiocruz.
A previsão da Fiocruz é que as primeiras doses da vacina sejam fabricadas em dezembro e estejam disponíveis em janeiro de 2021.
A vacina
A AstraZeneca é a segunda maior farmacêutica do Reino Unido e, junto à Universidade de Oxford, atua na pesquisa de uma vacina contra a Covid-19.
A vacina, chamada de ChAdOx1, é a mais avançada em curso no mundo e está na terceira e última fase de testagem.
A pesquisa de Oxford é feita a partir de uma versão enfraquecida do adenovírus que causa resfriado em chimpanzés. O material é alterado geneticamente para carregar os traços da proteína S do coronavírus, responsável por acoplar o invasor nas células humanas.
De acordo com os estudos iniciais, a vacina se mostrou segura e eficaz na produção de anticorpos para a Covid-19.
No entanto, voluntários que foram submetidos à vacina relataram alguns efeitos colaterais, como inchaço ao redor da injeção, febre e dores musculares. Apesar disso, os sintomas são esperados para vacinas deste tipo.