Pela previdência, Bolsonaro e Maia não descartam nomeações políticas
Os dois estiveram juntos na tarde deste sábado (9/3) para combinar estratégia de aprovação do projeto que altera regras para a aposentadoria
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tiveram sua primeira conversa olho no olho, neste sábado (9/3), no Palácio da Alvorada, passo importante para a união de esforços do Executivo e do Legislativo para a aprovação da reforma da Previdência.
A principal preocupação de Bolsonaro é quanto às chances da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Maia tranquilizou o presidente e garantiu que não haverá problemas, até porque os maiores debates serão depois, na Comissão Especial. Mesmo aí, a posição de Maia é de otimismo.
Os dois acertaram trabalhar em conjunto pela reforma e o presidente disse que vai atuar ativamente, sobretudo nas duas próximas semanas. Ele pretende receber os líderes aliados ao Planalto, e até mesmo líderes que não são da base, mas são de partidos comprometidos com a reforma. Disse, ainda, que não se opõe à nomeação de indicados políticos para cargos federais nos Estados, mas impôs uma condição: que tenham boa reputação. O governo está criando um “Banco de Talentos” para essas nomeações.
Na conversa, Maia disse que só o fato de o presidente receber os parlamentares, conversar com eles, ouvi-los, já faz muita diferença no humor de deputados e senadores, que gostam de se sentir prestigiados. Faz parte da política. Como ele costuma dizer a amigos e interlocutores, com uma pitada de ironia, “o palácio tem um charme danado”.
Maia estava na residência oficial da presidência da Câmara, conversando com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que é do seu partido, o DEM, quando Bolsonaro telefonou convidando para a conversa no Alvorada, que durou em torno de uma hora e 15 minutos. A ministra acompanhou o encontro, em que Maia vestia camisa polo de manga curta e Bolsonaro estava de roupa de ginástica, num ambiente amistoso.
“Estou otimista”, comentou depois o presidente da Câmara sobre as possibilidades de vitória da reforma da Previdência. Ele vinha reclamando da decisão do Planalto de lotar mais de cem cargos de segundo escalão com militares e rejeitar as indicações políticas, próprias da democracia representativa, mas está convencido de que Bolsonaro compreende a importância da participação dos parlamentares e “vai entrar em campo pela aprovação da reforma”.
O cronograma acertado entre o Planalto e o Congresso é a tramitação e aprovação da regra geral primeiro, para só depois ser votado o regime especial dos militares, que deverá incluir policiais militares e bombeiros. Na conversa, Bolsonaro se mostrou de acordo e repetiu o que tem dito publicamente: todos terão de dar sua cota de sacrifício, porque o risco é de o Brasil repetir países como a Grécia, que quebrou.