“Pazuello pediu e será reconvocado pela CPI”, diz senador Otto Alencar
Atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também deve ser chamado novamente a depor, dadas as divergências com Bolsonaro
atualizado
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O senador Otto Alencar (PSD-BA), membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, considerou o ato pró-governo feito no Rio de Janeiro neste domingo (23/5) uma “provocação” àqueles que estão nos hospitais, nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e aos brasileiros vitimados pela Covid-19. O ato contou com a participação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“É uma provocação àqueles que estão nos hospitais, nas UTI, nos laboratórios, sofrendo com a Covid-19, e pior provocação ainda à memória de 440 mil brasileiros que perderam a vida. Eu acho que está bem explicado o que pensa ainda o presidente da República: aglomerar para fazer a busca da imunidade de rebanho”, pontuou o senador em entrevista à CNN. “É de uma irresponsabilidade muito grande.”
O ato pró-governo provocou aglomerações e desrespeito às medidas sanitárias, como o uso de máscaras e o distanciamento social. O ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello participou, sem máscara, do ato político, dias depois de o militar falar à CPI da Pandemia. Segundo o senador, a presença de Pazuello enseja uma reconvocação pela CPI.
“Realmente, é um fato lamentável um general do Exército da ativa ter um comportamento dúbio como tem o Eduardo Pazuello”, disse, lembrando que na CPI o ex-ministro defendeu o uso de máscaras.
“Hoje, domingo, ele pediu para ser reconvocado e será recovoncado, sim”, continuou. Ele disse esperar que o Supremo Tribunal Federal (CPI) não conceda novo habeas corpus ao ex-ministro. “Senhor ministro Lewandowski, não atrapalhe a investigação da CPI”, pediu Alencar.
O senador disse ainda que o atual chefe da pasta da Saúde, Marcelo Queiroga, também deve ser chamado novamente a depor, uma vez que “prega uma coisa e o presidente faz outra”.
Enquanto o presidente participava do ato político, o ministro se dirigia ao Maranhão para acompanhar a adoção de medidas de contenção da variante originária da Índia do novo coronavírus.
Pelo menos seis pessoas com Covid-19 do estado nordestino foram confirmadas com a infecção pela nova variante, considerada ainda mais perigosa que a de Manaus (AM). De acordo com o secretário da Saúde do Maranhão, Carlos Lula, a variante B.1.617 foi encontrada em amostras de testes realizados na tripulação que estava a bordo do navio MV Shandong Zhi, atracado no litoral do Maranhão.
“Para quê, ô doutor Marcelo Queiroga, continuar ministro? Para ser marionete?”, questionou Otto Alencar. “O ministro está completamente desautorizado. Se continuar no cargo, é apenas para ter em sua história, em sua biografia que foi ministro”, considerou.
Convocação de Arthur Weintraub
Alencar comentou a necessidade de convocação do ex-assessor presidencial Arthur Weintraub. “É outra figura que teve interferência”, afirmou.
Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolou, na manhã deste domingo (23/5), um requerimento de convocação do ex-assessor. O documento foi apresentado após o Metrópoles publicar reportagem e vídeos indicando que Weintraub coordenou um grupo de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.
Segundo Weintraub, esse grupo teria defendido a eficácia da cloroquina para tratar a Covid-19 — o medicamento não tem comprovação científica para esse fim. O requerimento apresentado pelo senador Alessandro Vieira ainda precisa ser aprovado pelos demais membros da CPI.