Pazuello cita fuso horário para justificar atraso em negociação com a Índia
Governo federal vai importar duas milhões de doses do imunizante. Voo para busca, no entanto, foi adiado e depois cancelado
atualizado
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O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta segunda-feira (18/1) que a demora nas negociações sobre a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca se deve ao “fuso horário” da Índia que, segundo ele, “é complicado”.
O Brasil tem um acordo com o governo indiano para importar duas milhões de doses. O voo para buscar o imunizante estava previsto para ocorrer na tarde da última quinta (14/1), mas foi adiado para sexta (15/1).
Na véspera da partida, no entanto, o governo da Índia afirmou que ainda é “muito cedo” para dar respostas sobre exportações das vacinas produzidas no país, uma vez que a campanha nacional de imunização ainda está no começo. A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Índia, Anurag Srivastava.
“Todos os dias nós temos tido reunião diplomática com a Índia. O fuso horário é muito complicado. Nós estamos recebendo a sinalização de que isso poderá ser resolvido nos próximos dias dessa semana”, disse Pazuello durante coletiva no Palácio do Planalto.
Na manhã desta segunda, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu com o embaixador indiano Suresh K. Reddy, em uma tentativa de agilizar o envio da vacina ao Brasil. Na coletiva, no entanto, Pazuello não soube cravar uma data.
“Está sinalizado para os próximos dias dessa semana o embarque para cá”, declarou o ministro, sem dar mais detalhes.
Bolsonaro falou em “dois ou três dias”
Na sexta passada, ao comentar o atraso, o presidente Bolsonaro disse que o avião partiria em no máximo “dois ou três dias”.
“Foi tudo acertado para disponibilizar duas milhões de doses. Só que hoje, neste exato momento, está começando a vacinação na Índia, um país de um bilhão e trezentos milhões de habitantes. Então resolveu-se aí, não foi decisão nossa, atrasar um ou dois dias até que o povo comece a ser vacinado lá, porque lá também tem pressões políticas de um lado e de outro. Isso dai, no meu entender, daqui dois, três dias, no máximo, nosso avião vai partir e vai trazer essas duas milhões de vacina para cá”, disse Bolsonaro durante entrevista ao programa Brasil Urgente, da TV Band.
Na entrevista, Bolsonaro ainda ressaltou que as doses são um número pequeno se comparadas à população do país. “Que fique claro… Somos 210 milhões de habitantes. Agora, dois milhões equivale a 1% aproximadamente e é muito pouco. E não tem disponibilizado no mercado. Vamos procurar fazer, como está sendo muito bem tratado pelo [ministro da Saúde, Eduardo] Pazuello junto com o [Instituto] Butantan, nós fazermos nossa vacina aqui.”, acrescentou.