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Paulo Preto, operador do PSDB, recebeu Polícia Federal pelado

Escrivão da PF afirmou, em depoimento, que Paulo Vieira de Souza abriu a porta de casa, em fevereiro, “somente de camisa e uma viseira”

atualizado

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ROBSON FERNANDES/AE
Paulo Preto
1 de 1 Paulo Preto - Foto: ROBSON FERNANDES/AE

O escrivão da Polícia Federal Mario Nunes Guimarães Júnior relatou nessa quinta-feira (13/06/2019), ao juiz Luiz Antonio Bonat, da Operação Lava Jato, que o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, – apontado como operador do PSDB – recebeu a Polícia Federal, em fevereiro, pelado. O fato, segundo o escrivão, aumentou a suspeita de que haveria um celular escondido no imóvel, pois Paulo Vieira de Souza teria demorado a abrir a porta com a justificativa de que “iria se arrumar”.

Durante a busca e apreensão, a PF encontrou “dezenas de cabos USB de carregamento de celulares já devidamente conectados em fontes de carregadores” e um relógio do tipo Apple Watch sincronizado com um telefone. Os agentes, no entanto, não acharam nenhum aparelho de Paulo Vieira de Souza.

O escrivão depôs como testemunha de acusação da Lava Jato. Mario Nunes Guimarães Júnior falou por videoconferência de Florianópolis.

“A gente acionou a campainha e demoraram para atender. Quando houve a voz de alguém, disse que, pediu para aguardar um pouco, pois eles precisavam trocar de roupa. Levou de 3 a 5 minutos essa demora e quando retornou veio Paulo Vieira quase totalmente pelado, somente de camisa e uma viseira na testa para atender”, contou o escrivão.

“A quantidade de carregadores e pela demora que ele nos fez passar na entrada dando a entender que ele estava dando tempo de fazer algo. Ele disse que iria se arrumar e veio pelado, totalmente pelado para atender a porta. Essa desculpa de dizer que foi se arrumar não tem cabimento.”

Vieira de Souza é investigado por lavagem de dinheiro no esquema de propinas da Odebrecht. O Ministério Público Federal, no Paraná, afirma que o ex-diretor disponibilizou, a partir do segundo semestre de 2010, R$ 100 milhões em espécie ao operador financeiro Adir Assad, no Brasil.

O agente da Polícia Federal Rodrigo Prado Perreira também depôs como testemunha de acusação. Ele relatou que o Apple Watch estava sincronizado com um telefone.

“No criado-mudo dele tinha um relógio Apple Watch e estava sincronizado com um telefone. A gente olhando o relógio tinha as últimas ligações feitas de um telefone, tinha agenda telefônica, porque ele faz o emparelhamento. Quando a gente pede para o relógio ligar, fazer uma ligação, como o aparelho telefônico está longe, ele não conseguia fazer. Ou ele estava desligado ou ele estava muito longe do lugar”, contou.

De acordo com Rodrigo Prado Perreira, a busca no apartamento foi “muito insistente”.

“A gente perguntava se tinha mais dinheiro, dizia que não tinha. A gente procedia revista na residência e achava mais dinheiro. Acho que tiveram 6 momentos em que a gente foi achando dinheiro até que chegou no limite estipulado para a busca e apreensão. A busca teve que ser muito insistente e, infelizmente, a gente não conseguiu identificar onde poderia estar um celular ocultado naquele momento”, contou.

“Tinha um pouco de dinheiro no cofre, tinha dinheiro numa mochila escondida num dos quartos que aparentemente era um escritório, tinha dinheiro escondido numa mochila que estava num corredorzinho que dava para a cozinha, como se fosse um corredorzinho de acesso de serviço. Foram diversos lugares assim, e, a medida em que a gente foi achando, a gente achava, levava para o escrivão e pedia para deixar na mesa.”

Entenda o caso
Em março, Luiz Antonio Bonat negou um pedido de liberdade de Paulo Vieira de Souza, amparado também nas suspeitas da PF de que o ex-diretor da Dersa teria escondido celulares. Na ocasião, o magistrado apontou para “ocultação de eventual prova, em prejuízo da investigação criminal”.

A pedido do Ministério Público Federal, a Justiça quebrou o sigilo telemático da nuvem do ICloud de endereços eletrônicos de Paulo Vieira de Souza. O resultado da quebra apontou a existência de um número de telefone ligado ao ex-diretor da Dersa, usado “pelo menos, para a troca de mensagens através do aplicativo WhatsApp”.

“Identificado que o referido telefone teria se conectado à internet através da rede wireless da residência do investigado três dias antes das buscas”, anotou o juiz na decisão que negou liberdade ao ex-diretor.

“Na petição de liberdade, a defesa alega que o fato de não ter sido encontrado aparelho celular não pode ser interpretado contra o investigado e que a tese do Ministério Público Federal seria especulativa. A despeito das alegações da defesa, pelos elementos apresentados pelo Ministério Público Federal, concretamente, verifica-se que o investigado possuía um aparelho celular e que o conectou à internet a partir de sua residência, em datas próximas à realização das buscas, sendo que o referido aparelho não foi encontrado por ocasião da busca efetivada.”

O Ministério Público Federal identificou também mensagens enviadas por ele dias antes de ser preso. Uma das mensagens identificadas pela Lava Jato foi enviada a uma interlocutora identificada por ‘Raquel” em 14 de fevereiro.

“Que trabalho profissional espetacular, com uma dedicação além do relacionamento cliente e sim do bem querer da energia positiva de todas as famílias e amigos de todos os lados, muita oração, rape do page e nosso Super Ministro Constitucionalista. Gratooooo. Paulo Souza.!!!!!”, dizia a mensagem.

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