metropoles.com

Partidos pressionam presidente da Câmara por cargos no governo

Siglas que apoiaram a reeleição do Maia cobram seu empenho para “destravar” nomeações para o 2.º escalão e ameaçam não votar reformas

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Cerimônia de posse Câmara dos Deputados
1 de 1 Cerimônia de posse Câmara dos Deputados - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Insatisfeitos com a falta de interlocução no Palácio do Planalto, líderes de partidos que reelegeram Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara já começam a cobrar a fatura política. Sob o argumento de que a demora do governo para liberar cargos e emendas pode se refletir no placar de votação, deputados pressionam Maia para que ele consiga convencer o presidente Jair Bolsonaro (PSL) a “destravar” pelo menos as nomeações.

Nem mesmo o anúncio de que nos próximos dias o Executivo criará uma plataforma virtual, na qual deputados e senadores da base aliada poderão fazer indicações para o segundo escalão, serviu para acalmar os parlamentares. Nos bastidores, muitos deles tratam com ironia o novo modelo para selecionar quem ocupará as vagas nos Estados, batizado no Planalto de “banco de talentos”.

“Isso vai virar um show de calouros”, provocou o deputado Jhonatan de Jesus (RR), líder do PRB na Câmara. A plataforma a ser lançada pelo governo foi desenvolvida pela Controladoria-Geral da União (CGU) e estabelecerá critérios para as nomeações, como formação acadêmica e experiência na área. O discurso oficial é de que todo indicado precisará ser “ficha-limpa” para entrar na equipe. A seleção para a ocupação dos cargos será feita pelos ministros.

“O problema é que esse governo não tem traquejo político e é muito enrolado”, afirmou o líder do PP, Arthur Lira (AL). “Se for para ministros escolherem as pessoas, nem precisa nada. Se vai para a subjetividade do ministro, tudo vai continuar do mesmo jeito.”

Em conversas reservadas, deputados dizem que, se o endurecimento das exigências para nomeação valesse para todos, o ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno – demitido nesta segunda-feira (18/2) – e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, não teriam sido escolhidos. Os dois são alvo de investigação sobre financiamento irregular de candidaturas.

A recondução de Maia ao comando da Câmara teve apoio de 19 partidos, separados em dois blocos. O maior deles, chamado de “blocão”, reúne DEM, PP, PR, PSD, MDB, PRB, PSDB, PTB, PSC, PMN e o próprio PSL de Bolsonaro. Líderes dessas siglas observam que Maia só ganhou novo mandato, há 21 dias, graças à robusta aliança – que lhe rendeu uma vitória no primeiro turno, com 334 votos – e agora precisa retribuir o apoio.

Embora não tenha bom relacionamento com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Maia é amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, conta com a simpatia de militares, como o chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e está ganhando a confiança de Bolsonaro. Nos corredores da Câmara, o presidente da Casa tem sido tratado como “primeiro-ministro”.

A ameaça de derrubar no plenário projetos importantes, se o governo não ceder, é feita a portas fechadas por congressistas descontentes e atinge até mesmo a reforma da Previdência, classificada pela equipe econômica como prioritária para o ajuste das contas públicas.

Derrota. Um exemplo de que os deputados estão dispostos a dar o troco no Planalto se não forem atendidos foi dado nesta terça-feira (19/2). Na ocasião, a Câmara anulou decreto editado pelo vice-presidente Hamilton Mourão que ampliava o rol de servidores aptos a classificar documentos ultrassecretos. Foi a primeira derrota do Executivo no Legislativo.

“O DEM tem três ministérios e a nossa preocupação é fazer com que o governo dê certo, porque, se não der, quem sofrerá as consequências somos nós”, afirmou o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do partido e do “blocão”. No seu diagnóstico, é natural que Maia e até mesmo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), também do DEM, façam a “ponte” do Congresso com o Planalto.

“O presidente Bolsonaro precisa ter na política a mesma sensibilidade que teve na economia, quando deu carta branca ao ministro Paulo Guedes para tocar a reforma da Previdência”, disse Elmar. “No governo Temer, o interlocutor era Carlos Marun. Hoje, o presidente não empoderou ninguém, Gustavo Bebianno saiu e se diz que a articulação política está dividida entre Onyx e Santos Cruz. Mas quem tem dois não tem nenhum.”

Até o PSL de Bolsonaro reclama de estar sendo preterido na distribuição dos cargos. Em reunião da bancada com o presidente, nesta quarta-feira (20/2), coube ao líder do partido no Senado, Major Olímpio (SP), fazer a queixa. Bolsonaro, porém, não gostou. “(…) Nada pedimos, apenas não sermos preteridos, desconsiderados e tratados como inimigos. Se exagerei, mais uma vez me penitencio”, escreveu Major Olímpio, em mensagem postada em grupo de WhatsApp.

Bolsonaro adiou para terça-feira (26/2), uma reunião prevista para esta quinta-feira (21/2), com líderes de partidos que podem compor a base aliada na Câmara, ainda indefinida. Nenhum deles gostou do fato de o presidente ter enviado ao Congresso a proposta de mudança na aposentadoria antes de consultá-los. Maia não quis se manifestar.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?