Partidos de direita têm onda de filiações desde eleição de Bolsonaro
Patriota, Podemos e Republicanos foram as três legendas que mais somaram integrantes desde o início de 2019, mostram dados do TSE
atualizado
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Partidos conservadores, que apostaram em candidatos “antipolíticos” em 2018, foram os que mais ganharam filiados, em números absolutos, desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Patriota, Podemos e Republicanos tiveram, respectivamente, 250,2 mil, 241,3 mil e 93,4 mil novos filiados desde janeiro de 2019.
O quarto lugar fica com o PSD, que se posiciona como de centro, com 78,9 mil novos integrantes. Segundo o presidente da sigla, Gilberto Kassab, “é um crescimento orgânico”. “Isso é fruto de políticas adequadas, de conquista, e, em especial, de jovens para a vida pública”, explica, em conversa com o Metrópoles.
Por outro lado, legendas que figuraram nas investigações da Lava Jato por supostos esquemas de corrupção, como PP, PSDB e MDB, por exemplo, estão entre as que mais perderam eleitores ao longo dos últimos anos.
O MDB, antigo PMDB, teve redução de 261 mil filiados, o equivalente a 10% do que tinha até 2019. O partido ainda é, porém, o maior, considerando a quantidade, com mais de 2,1 milhões de membros.
Em seguida, PSL, PP, PTB, PDT e PSDB perderam entre 103 mil e 165,7 mil associados no mesmo período. O PSL fundiu-se ao DEM no agora União Brasil. Os dados do TSE, atualizados até fevereiro deste ano, ainda não trazem a fusão das duas siglas. Ao somar o número de integrantes de ambas, a nova legenda será a sexta maior, com 1,085 milhão de eleitores.
O PT, apesar de ter sido alvo central da operação, tem saldo positivo de 16 mil novos eleitores no período.
Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Metrópoles, com informações oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem considerou o número de filiados de todos os 33 partidos, em dezembro de cada ano. Confira:
“Esses números não terão efeito eleitoral, pois o financiamento dos partidos independe da quantidade de filiados, mas revelam a maneira como o país vê o mercado partidário. O Brasil está vivendo uma onda conservadora”, analisa o cientista político Eduardo Grin, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
“Não é à toa que, em um ambiente conservador, de negação da chamada ‘velha política’, siglas que dialogam com esse ambiente venham a ter mais novos filiados”, prossegue.
Apesar do crescimento, essas legendas dificilmente deverão eleger bancadas expressivas nas eleições deste ano, avalia o especialista.
Em dezembro do ano passado, o Patriota tinha 330,2 mil filiados, o 17º na lista de partidos reconhecidos pelo TSE.
Além disso, os dois primeiros do ranking tiveram incorporações de outras siglas em 2019, o que ajudou a inflar os dados. Em março, o PRP foi integrado ao Patriota; em agosto, o PHS, ao Podemos.
“Também ajuda a explicar o crescimento do Podemos a entrada do eleitor lavajatista, que votou no Bolsonaro em 2018, mas se arrependeu. Não é bolsonarista raiz”, assinala Grin.
“No caso do Republicanos, tem a ver com a crescente expansão dos evangélicos na política. Tanto que o presidente é um pastor evangélico, o Marcos Pereira”, completa.
O Republicanos também abriga Carlos Bolsonaro, e já foi o partido de Flávio Bolsonaro, filhos “01” e “02” do presidente da República.
Entre a esquerda, a legenda que mais ganhou adeptos no período foi o PSol, do ex-presidenciável Guilherme Boulos. O coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) se firmou como força eleitoral em 2020 na disputa pela Prefeitura de São Paulo, ao ficar em segundo lugar.