Partido da cultura é a cultura, diz ministro em sua posse
Em discurso, Marcelo Calero afirmou: “Estaremos sujeitos àquilo que a sociedade brasileira demanda, nunca a um projeto de poder”
atualizado
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O ministro da Cultura, Marcelo Calero, afirmou, durante seu discurso de posse nesta terça-feira (24/5), que sua gestão será marcada por um comportamento republicano e que o “partido da cultura é a cultura, não qualquer outro”. “Estaremos sujeitos àquilo que a sociedade brasileira demanda, nunca a um projeto de poder”, afirmou.
O diplomata e ex-secretário de Cultura do Rio havia sido anunciado secretário nacional da Cultura, mas o presidente em exercício Michel Temer decidiu recriar a pasta da Cultura e ele foi alçado ao posto de ministro. A recriação da Cultura foi anunciada no último sábado (20), depois de a fusão da pasta com a Educação ter sido alvo de protestos de parte dos artistas e de servidores.Calero disse que os artistas são trabalhadores que tecem os fios que desenvolvem a economia do País e que fazer gestão pública da cultura é ter presente, “antes de mais nada, a pluralidade brasileira”.
O ministro afirmou ainda que zelará pelo fortalecimento institucional e, a despeito da situação financeira com dificuldade, agradeceu a Temer pela recriação da pasta. “Agradeço a Temer por devolver à cultura o espaço elevado à altura de suas atribuições”, afirmou.
Calero fez uma série de citações em seu discurso, lembrou sua trajetória na secretaria e agradeceu a presença do ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que foi seu ex-professor.
Michel Temer
Durante a cerimônia, o presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que fatos equivocados em um dado momento podem gerar fatos positivos em outras ocasiões e exemplificou a “posse individualizada” e “especial” do ministro da Cultura, Marcelo Calero. “Ao dar posse a Calero estou homenageando a cultura nacional”, disse. Segundo Temer, os demais ministros tomaram posse de maneira informal e, por isso, a posse de Calero estava sendo registrada de forma individualizada e especial.
Logo no início de seu discurso, Temer pediu aos presentes que aplaudissem o ex-presidente José Sarney, “já que foi ele o criador” do Ministério da Cultura. O presidente em exercício citou um trecho do discurso de Calero e disse que concordava com o fato de que “o partido da cultura é a cultura”. “Ele disse muito bem: a cultura não é de ninguém, a cultura não é de partido, a cultura é nacional”, afirmou.
Temer destacou o perfil de diplomata de Calero e disse que além de boas referências trazidas pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, a quem Calero seria subordinado, a passagem do agora ministro pela secretaria de Cultura do Rio foi boa. “Em sua gestão ele conseguiu reunificar todo o setor cultural e deu-lhe grande desempenho”, disse. “O Marcelo (Calero) é diplomata e como todo diplomata é capaz de fazer uma coisa essencial para o Brasil hoje: que é o diálogo.”
O presidente em exercício refez a promessa de quitar os débitos com o setor até o final em parcelas. “Há um déficit na Cultura de R$ 230 milhões e vamos quitar esse déficit ainda este ano”, disse.
Apoio
O cineasta Cacá Diegues, que compareceu a cerimônia, disse que a posse de Calero era um reconhecimento da classe artística. “Fui o que mais escreveu contra extinção do Ministério, vim aqui para celebrar o reconhecimento”, disse. O cineasta destacou o trabalho de Calero no Rio e afirmou que agora é o momento de a classe artística colaborar para que seu trabalho na pasta dê certo.
Além de Cacá Diegues, poucos artistas compareceram à posse de Calero, como a atriz e diretora Carla Camurati e o ator Odilon Wagner.