Parlamentares questionam Lira sobre remoção do comitê de imprensa
Sem explicar, o novo presidente da Câmara dos Deputados afirmou que “a decisão administrativa estava tomada”
atualizado
Compartilhar notícia
Parlamentares do PSol e do DEM questionaram, nesta terça-feira (9/2), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sobre a remoção dos jornalistas do comitê de imprensa para o subsolo da Casa. No local onde os jornalistas trabalham desde a década de 1960, será instalado o gabinete da presidência. Sem maiores explicações, Lira afirmou que “a decisão administrativa estava tomada”.
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSol-RS) fez um apelo ao presidente da Câmara para que não retire os profissionais da imprensa da sala, que fica localizada ao lado do plenário.
“Liberdade de imprensa é uma das principais questões da Constituição Federal. Infelizmente, temos Jair Messias Bolsonaro, que ataca os jornalistas sistematicamente, e não seria a Câmara dos Deputados a atrapalhar o livre exercício dos jornalistas e das jornalistas”, ressaltou ela.
“Se o senhor e a Mesa Diretora tiveram essa decisão, não passou pelo Colégio de Líderes. Faço apelo que não precisa fazer essa mudança: deixem os jornalistas no seu local”, disse a deputada para Lira.
Além da manifestação da parlamentar, a bancada do Psol também saiu em apoio aos jornalistas. “Mais uma vez Lira se alinha às práticas do Palácio do Planalto, que sistematicamente cerceia a liberdade de imprensa. Manifestamos nosso apoio às e aos jornalistas e canais de imprensa.”
“Não compactuamos com essa medida que busca limitar a transparência da Câmara impedindo o trabalho da imprensa”, postou a bancada.
Uma das primeiras medidas administrativas de Arthur Lira é retirar a imprensa do comitê que se localiza ao lado do plenário da Câmara. A imprensa está nesse local desde os anos 1960.
— PSOL na Câmara (@psolnacamara) February 9, 2021
Durante a intervenção, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) disse que a remoção dos jornalistas da sala localizada ao lado do plenário não é a solução e questionou se a decisão poderia ser negociada. “A decisão administrativa está tomada, deputado Kim”, respondeu Lira, encerrando o diálogo.
A líder do PCd0B, Perpétua Almeida (AC), também se engajou no apelo ao novo presidente da Câmara:
“Decisões sem justificativas que dificultem o trabalho da imprensa não ajudam a democracia nem a transparência que o Parlamento deve ter. Cabe a nós parlamentares reforçar o papel da imprensa na democracia em meio a esta onda de retrocessos trazida pelo governo Bolsonaro”, ponderou a deputada em suas redes sociais.
Decisões sem justificativas q dificultem o trabalho da imprensa ñ ajudam a democracia nem a transparência q o Parlamento deve ter. Cabe a nós parlamentares reforçar o papel da imprensa na democracia em meio a esta onda de retrocessos trazidas pelo governo Bolsonaro#imprensafica
— Perpétua Almeida (@perpetua_acre) February 9, 2021
O deputado Fábio Trad (PSD-MS) ressaltou a importância de Lira reconsiderar a decisão. “Reconsiderar esta decisão que afasta fisicamente os jornalistas do plenário resgatará o compromisso do parlamento brasileiro em ser a primeira e mais interessada instituição no fortalecimento da liberdade de imprensa em nossa democracia”, disse o parlamentar.
Presidente @ArthurLira_ , imprensa e democracia jamais se desuniram. A sala de imprensa que fica ao lado do plenário, mais do que o significado de transparência, simboliza a certeza de que a Câmara não teme, antes necessita desta proximidade para ser cada vez mais democrática.
— Fábio Trad (@f_trad) February 9, 2021
A Diretoria-Geral da Câmara avisou que os jornalistas serão removidos do comitê de imprensa na próxima quinta-feira (11/2) e, mesmo sem projeto concluído ou orçamento definido, Lira ordenou que se iniciasse a mudança e a obra para transformar o espaço em seu gabinete.
O novo local que abrigará os profissionais da imprensa fica no subsolo da Casa, num espaço sem distanciamento social ou janelas.