Para procurador, delação da Odebrecht é motivo para anistia de caixa 2
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima insinuou que os parlamentares estão “em polvorosa” com a delação
atualizado
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Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador regional da República e integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, disse nesta quinta-feira (24/11), que a articulação do Congresso para anistiar o caixa 2 é uma tentativa, na verdade, de conseguir um perdão para os crimes de corrupção. Em debate em Brasília, o procurador insinuou que os parlamentares estão “em polvorosa” com a delação negociada pela Odebrecht, na reta final de ser celebrada, e por isso tentam uma “salvação” no Congresso
“Temos talvez uma grande colaboração a ser celebrada essa semana Não é à toa que o Congresso Nacional está em polvorosa. Há muitos necessitados de salvação entre deputados e senadores e são eles que estão agora abandonando todo o pudor lutando pela sua sobrevivência”, disse Santos Lima.
O plenário da Câmara se reúne nesta quinta-feira para votar o relatório do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) com as propostas de combate à corrupção baseadas das 10 Medidas contra a corrupção elaboradas pelo Ministério Público Federal.
Líderes de praticamente todos os partidos, com exceção da Rede e do PSOL, no entanto, articulam para tentar derrubar o texto do relator Lorenzoni e aprovar um projeto substitutivo no plenário da Casa. O novo texto deverá incluir as duas medidas que ficaram de fora do pacote aprovado nesta quarta: a anistia à prática do caixa 2 nas campanhas eleitorais e a previsão de punir magistrados e integrantes do Ministério Público Federal por crime de responsabilidade.
“A ideia de se anistiar caixa 2 é falsa. O que se pretende é anistiar corrupção. (…) O que está se pensando no Congresso Nacional é uma anistia aos que em troca de contratos públicos receberam valores. Isto não é crime de caixa 2. Isto é corrupção”, disse Santos Lima.
Segundo o procurador, presos da Lava Jato e do mensalão deveriam sair da cadeia se a anistia for aprovada. “José Dirceu terá direito de ser liberado no dia seguinte da sanção dessa lei. A redação do que vai ser apresentado essa noite vai incluir corrupção, vai incluir anistia para lavagem de dinheiro. Se aprovada, todo o trabalho desde o mensalão irá para o lixo”, afirmou, em evento organizado na Procuradoria-Geral da República na manhã desta Quinta – em que procuradores fazem debate sobre as medidas junto com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).