Para Lula, Lava Jato não deve ser totalmente anulada, pois há verdades
Em entrevista, o ex-presidente afirmou ainda que o presidente Jair Bolsonaro tem colocado em risco a soberania da Amazônia
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou não considerar que toda a força-tarefa da Lava Jato deve ser anulada. Na terça-feira (27/08/2019), o Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a condenação de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil. Em entrevista à BBC Brasil, publicada nesta quinta-feira (29/08/2019), o petista disse que “tem coisas [na operação] que foram verdade, tem pessoa que confessou. Se o cara confessou que roubou, o cara é ladrão”.
“Não, eu acho que tem que ter seriedade. Se o cidadão, Luiz Inácio Lula da Silva, cometeu um delito e tem prova que ele cometeu um delito, não adianta o seu Lula falar grosso, ele tem que ser condenado e tem que ser punido como qualquer cidadão. Assim reza a nossa Constituição”, afirmou.
O petista afirmou que não cabe a ele analisar o comportamento da Suprema Corte, mas pediu, ao assegurar que é inocente, que condenem um ser humano com base nas provas. “Eu acho que a Suprema Corte precisa dar um freio de arrumação na casa porque houve um momento em que o [Sergio] Moro, o [Deltan] Dallagnol e mais a equipe da força-tarefa pensavam que eram donos do Brasil”, frisou.
Amazônia
Em meio à crise internacional que o atual presidente Jair Bolsonaro (PSL) enfrenta ante os avanços do desmatamento e de queimadas na Amazônia, Lula afirmou ver um risco da soberania da floresta com o discurso do opositor.
“Agora, para ela fazer parte do orgulho brasileiro nós temos que cuidar dela. Cuidar dela não significa transformá-la num santuário da humanidade. Até porque a grande riqueza que temos lá ainda quase que inexplorada é a nossa biodiversidade”, disse.
Vazamentos
Nesta semana, o site The Intercept Brasil noticiou, em parceria com o UOL notícias, que procuradores da Lava Jato comentaram, de forma desrespeitosa, mortes de familiares do petista, como a mulher, Marisa Letícia, o irmão Vavá e o neto Arthur, de sete anos. Mais tarde, a procuradora Jerusa Viecili foi às redes sociais pedir desculpas a Lula.
“Eu penso que ela deveria pedir desculpas ao povo brasileiro pelo mal que eles causaram aos milhões e milhões e milhões de brasileiros que perderam o emprego. Eu sou um homem muito maduro, não guardo mágoas. O fato de ela dizer que está arrependida, é muito bom a pessoa se arrepender. Uma coisa que no Brasil as pessoas perderam. No Brasil, a palavra desculpa parece que tinha desaparecido do dicionário”, afirmou.