metropoles.com

Para chegar a Lula, tucanos bancam suspensão de cassação de Delcídio

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a suspensão do processo até quinta-feira, 12, prazo máximo para votação no colegiado conforme regimento da Casa

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Waldemir Barreto/Agência Senado
delcidio-do-amaral
1 de 1 delcidio-do-amaral - Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Em sessão que ouviu o senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), senadores tucanos bancaram tese da defesa, que pede a suspensão do processo de cassação do ex-líder do governo. A estratégia da oposição é manter o processo de Delcídio vivo no Senado e abrir espaço para mais acusações contra o governo e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já que foi incluída no processo, na última semana, denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) aprovou a suspensão do processo até quinta-feira, 12, prazo máximo para votação no colegiado conforme regimento da Casa.

Após apelo da defesa do senador, um requerimento apresentado pelo tucano Aloysio Nunes (PSDB-SP) pediu a suspensão do processo de cassação de Delcídio até que o Senado tivesse acesso aos novos fatos incluídos no processo do senador. O aditamento foi feito pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, na última terça-feira, 3, alegando que Lula, o pecuarista Carlos Bumlai e seu filho, Maurício, também tiveram participação na tentativa de compra de silêncio do ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró.

O pedido de Aloysio Nunes foi endossado por uma fileira de outros tucanos, que pediram a palavra para apoiar o adiamento da votação contra Delcídio. Entre eles, o relator do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Antonio Anastasia (PSDB-MG), e o relator do próprio processo de Delcídio na CCJ, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que já havia apresentado relatório a favor da constitucionalidade da cassação de Delcídio.

“Evidentemente esse aditamento traz o chamado fato novo, fundamental para a defesa. E o princípio da defesa, nós não podemos, ainda mais num processo com essas características, desprezá-lo”, disse Anastasia. No mês passado, o Estadão adiantou que tucanos negociavam com Delcídio sua vinda ao Senado para reforçar acusações contra o governo às vésperas da votação do impeachment de Dilma e, ao mesmo tempo, aliviar as citações que fez em delação premiada sobre o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou a decisão como “temerária”. Para ele, o aditamento ao processo de Delcídio não traz fatos novos, mas apenas novos atores. Ele argumenta que o processo que analisa a quebra de decoro não é penal e que a gravação em que Delcídio supostamente traça um plano de fuga para Cerveró é suficiente para análise no Senado, independentemente do andamento no STF.

Para o senador Delcídio Amaral, a decisão da CCJ foi “didática”. Ele admitiu que cometeu erros, mas que não pode lhe ser negado o direito de defesa e que, para que esse direito seja pleno, seus advogados precisam ter conhecimento da inclusão de fatos novos ao processo. Ainda de acordo com o senador, a cassação é a punição mais severa do Senado e não condiz com os erros que ele cometeu. Ele pede uma punição mais branda, como uma suspensão provisória.

Impeachment

Com o adiamento da decisão, Delcídio garante a continuação do seu mandato até a próxima quarta-feira, 11, data prevista para a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O senador, que foi líder do governo Dilma, demonstrou total interesse em participar da votação e confirmou voto pelo afastamento da petista. “Se me permitirem, votarei no impeachment com muito prazer.”

A situação causou revolta no plenário do Senado, onde o presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), comparou a decisão a um espetáculo. Renan trabalhou durante a última semana para garantir que Delcídio fosse cassado antes da votação do impeachment de Dilma Rousseff, um pedido que a própria presidente teria feito a ele. O peemedebista chegou a ameaçar não realizar a votação do afastamento de Dilma se a cassação de Delcídio não fosse apreciada antes.

Fuga

Delcídio Amaral voltou pela primeira vez ao Senado nesta segunda-feira, 9, mais de cinco meses após ser preso preventivamente, acusado de obstruir as investigações na operação Lava Jato. Ele participou da sessão da CCJ destinada à votação de parecer em favor da legalidade de sua cassação. Ele pediu desculpas ao povo brasileiro e também ao povo do seu Estado, Mato Grosso do Sul.

O senador admitiu que cometeu erros e falou sobre o suposto plano de fuga que teria traçado para Cerveró. De acordo com Delcídio, o plano é “mirabolante” e suas falas na gravação, que é base para o seu processo de cassação, foram “absurdas e inconsequentes”. De toda forma, ele argumenta que o plano não se concretizou e não existem provas que ele tenha agido por isso. Ele se emocionou e chegou a chorar ao falar sobre as filhas e também se disse “feliz” em voltar ao Senado e rever as pessoas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?