metropoles.com

Para bancar luxo, Cabral precisaria de R$ 22 mi de sobra de caixa 2

O ex-governador do Rio de Janeiro assumiu a responsabilidade dos gastos milionários que fez até ser preso, em novembro de 2016

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Shana Reis/Gov do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral e sua esposa Adriana Ancelmo
1 de 1 Sérgio Cabral e sua esposa Adriana Ancelmo - Foto: Shana Reis/Gov do Rio de Janeiro

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB) precisaria ter disponíveis pelo menos R$ 21,7 milhões de sobra de caixa 2 de suas campanhas ao Executivo fluminense para bancar os luxos da família desde 2007. Em seus dois depoimentos à Operação Lava Jato — um ao juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, e outro ao magistrado Marcelo Bretas, no Rio —, o peemedebista assumiu a responsabilidade dos gastos milionários que fez até ser preso em novembro de 2016.

Cabral também eximiu a mulher, a advogada Adriana Ancelmo, de envolvimento nas contas do casal e jogou no colo da sobra de caixa 2 de campanha os valores que desembolsou em nove anos.

O peemedebista governou o Rio de janeiro de 2007 a abril de 2014. Dados da prestação oficial de contas das campanhas de Cabral ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que, em 2006, as receitas foram de R$ 9,740.389 e as despesas, R$ 9.734.780. Em 2010, arrecadou R$ 20.701.771 e gastou R$ 20.696.983.

Desde a deflagração da Operação Lava Jato, em março de 2013, o peemedebista foi citado como beneficiário de propinas nas delações premiadas do ex-diretor de Abastecimentos da Petrobras Paulo Roberto Costa e de executivos da Odebrecht, da Carioca Engenharia, da Andrade Gutierrez e da JBS.

O valor de R$ 21,7 milhões corresponde somente aos gastos do peemedebista — que é réu em nove ações da Lava Jato — em “joias de altíssimo valor de mercado”, um iate, móveis, blindagem de carro e roupas de grife.

A informação consta de duas denúncias da força-tarefa: uma sobre corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa na urbanização em Manguinhos (PAC Favelas), construção do Arco Metropolitano e reforma do estádio do Maracanã para a Copa de 2014 e outra sobre propina de R$ 2,7 milhões das obras do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Curitiba.

Em 27 de abril, Cabral negou, em interrogatório a Moro, o recebimento de R$ 2,7 milhões em propina sobre as obras do Comperj e alegou ter bancado luxos com dinheiro de sobra de campanha eleitoral e de caixa 2. Na ocasião, o peemedebista respondeu a poucas perguntas do magistrado. O ex-governador confirmou que comprou os produtos e afirmou ter usado ‘recursos próprios e sobras de campanha’.

“Eu não posso negar que houve uso de caixa 2 e houve uso de sobra de campanha de recurso em função de eu ter sido um político sempre com um desempenho eleitoral muito forte no Estado. Financiamento acontecia e esses fatos são reais. Isso não tem nada a ver com a questão do Comperj”, afirmou na ocasião.

O peemedebista é acusado pela força-tarefa da Lava Jato, no Paraná, de lavar R$ 1.419.746,05. A Procuradoria aponta que uma parte deste valor pagou, entre 22 de outubro de 2008 e 22 de julho de 2014, dez compras e quitou duas faturas de cartão de crédito por meio de 12 pagamentos em espécie “de vultosas quantias” — que somaram R$ 121.359,80. Nesta lista estão tecidos para roupa sob medida, gravatas, perfume, armação de óculos e botões de punho.

Em outra frente, a força-tarefa acusa Cabral de lavar ou dar anuência à ocultação de ao menos R$ 20,3 milhões. Segundo a denúncia, o peemedebista ‘patrocinou farta lavagem de dinheiro obtido ilicitamente’ por meio de aquisições de joias de R$ 6,5 milhões em dinheiro, pagamento de despesas com aluguel de R$ 1 milhão de sala, compra de iate de R$ 5,3 milhões por um ‘testa de ferro’, celebração de contratos de consultoria fictícios e custeio de gastos em dinheiro de membros do esquema.

Em 11 de maio de 2016, aponta a acusação, Cabral usou um cadastro dissimulado para comprar um colar de R$ 21 mil em espécie. Os investigadores afirmam que entre 2000 e 2016, em apenas uma joalheria, o ex-governador adquiriu “a impressionante quantidade de 114 joias, totalizando R$ 3.880.822,00, sendo certo que 80% desse valor refere-se a joias adquiridas enquanto o denunciado esteve à frente do Governo do Estado do Rio de Janeiro”.

Apesar da negativa de Sérgio Cabral sobre a função de Adriana Ancelmo no esquema, a Procuradoria da República, no Rio, atribui à ex-primeira-dama ‘papel de extremo protagonismo no núcleo financeiro operacional da organização criminosa’. “Este papel certamente não se limitou à fruição da vida de luxo proporcionada pela fortuna desviada dos cofres públicos através da corrupção do marido”, afirma a denúncia.

Na quarta-feira (24/5), ao juiz federal Marcelo Bretas, o ex-governador voltou a “culpar” o caixa 2. O peemedebista admitiu ter comprado joias, mas afirmou ter adquiridos os bens com sobras de campanha. As compras milionárias, segundo Cabral, ocorreram somente em datas festivas.

A defesa de Cabral informou que “se manifestará no processo em curso na Justiça”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?