Por meio de nota, a entidade que representa os veículos de imprensa lamentou a decisão de realocar os profissionais em um espaço distante da atividade parlamentar.
“A ANJ lamenta a decisão, que não contribuiu para aproximar a imprensa do Legislativo. Os jornalistas que atuam na Câmara têm papel essencial no acompanhamento das atividades da Casa e na relação dos deputados com a sociedade. Toda medida que dificulta o trabalho da imprensa atenta contra a transparência do parlamento e a necessária cobertura e acompanhamento dos trabalhos legislativos”, disse, em nota, a associação.
Por meio de nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) repudiou a decisão de realocar o comitê de imprensa e manifestou preocupação com o cerceamento dos trabalhos dos profissionais na cobertura da Câmara e com as condições do espaço do subsolo.
O SJPDF enviou ofícios aos presidentes da Câmara e do Senado pedindo garantia de segurança aos jornalistas e manifestando extrema preocupação com o risco de excessiva exposição dos profissionais a situações de aglomeração, tendo em conta inclusive o aumento do registro de casos de Covid-19 no ambiente do Congresso Nacional.
“Tal situação tende a se acelerar com o retorno das atividades presenciais em ambas as Casas Legislativas e a consequente presença cotidiana de números crescentes de pessoas no ambiente”, destacou.
O sindicato ainda pediu a suspensão dos trabalhos na forma híbrida, ou seja, com votações online e presenciais, para evitar aglomerações. “Nesse quadro, o SJPDF se dirige em primeiro lugar, aos presidentes da Câmara e do Senado Federal para que respeitem o atual quadro de pandemia e suspendam o retorno das atividades presenciais no parlamento. É fundamental que seja mantida a transmissão on-line de entrevistas e outros eventos, em atenção aos colegas que seguem em trabalho remoto, evitando as aglomerações e garantindo a segurança sanitária para jornalistas e demais trabalhadores no Congresso Nacional”, diz a nota.
Nesta terça, a diretoria-geral da Casa informou que os jornalistas serão retirados na quinta-feira (11/2).
Desde a década de 60, jornalistas que fazem a cobertura diária do Legislativo ficam em um comitê, em área com acesso ao Plenário Ulysses Guimarães, onde ocorrem as discussões e votações. Agora, Lira determinou que o novo presidente se instale seu gabinete no local.
Com a mudança, Lira não será mais obrigado a atravessar o chamado Salão Verde para entrar em plenário.
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Arthur Lira decidiu retirar o comitê de imprensa das proximidades do Plenário
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A transferência é nociva ao trabalho jornalístico por confinar, em plena pandemia de Covid-19, cerca de 50 profissionais em uma ambiente sem janelas, localizado no subsolo da Câmara
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Pelo Twitter, diversos profissionais de imprensa apontaram a mudança como prejudicial para o sociedade utilizando as hashtags: #imprensafica e #camarasemmordaça
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A mudança, determinada por Lira está marcada para quinta-feira (11/2), antes do período de Carnaval – que ocorre entre os dias 13 e 17 de fevereiro. Não há, todavia, orçamento do projeto finalizado
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De acordo com o diretor do Departamento Técnico da Câmara (Detec), Mauro Moura Severino, responsável pela obra, a ordem foi dada presidente da Casa é fazer a realocação do comitê de imprensa e iniciar a obra física “imediatamente”
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No local, Lira vai instalar o seu gabinete
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Acesso restrito
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Interior do atual comitê de imprensa
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Jornalistas trabalham no comitê de imprensa da Câmara
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Confira a íntegra da nota do SJPDF:
SJPDF REPUDIA REALOCAÇÃO DO COMITÊ DE IMPRENSA E AGLOMERAÇÃO DE JORNALISTAS NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Os jornalistas que trabalham na Câmara dos Deputados foram surpreendidos, nos últimos dias, com decisões e iniciativas que afetam diretamente sua rotina e condições de trabalho e motivam preocupações sobre os riscos à saúde a que estarão expostos com a nova onda de contaminação pela Covid-19.
Entrevistas coletivas e “quebra-queixos” presenciais se intensificaram desde o início do ano legislativo e durante a eleição das novas mesas diretoras da Câmara e do Senado. Nesse contexto, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) sinalizou com a retomada do trabalho presencial na Casa. Além disso, anunciou a decisão de transferir o Comitê de Imprensa da atual localização histórica, possivelmente para o subsolo do prédio, e iniciar obras para instalar, nesse espaço, o gabinete da Presidência.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) manifesta extrema preocupação com o risco de excessiva exposição dos colegas a situações de aglomeração, tendo em conta inclusive o aumento do registro de casos de Covid-19 no ambiente do Congresso Nacional. Tal situação tende a se acelerar com o retorno das atividades presenciais em ambas as Casas Legislativas e a consequente presença cotidiana de números crescentes de pessoas no ambiente.
Nesse quadro, o SJPDF se dirige em primeiro lugar, aos presidentes da Câmara e do Senado Federal para que respeitem o atual quadro de pandemia e suspendam o retorno das atividades presenciais no parlamento. É fundamental que seja mantida a transmissão on-line de entrevistas e outros eventos, em atenção aos colegas que seguem em trabalho remoto, evitando as aglomerações e garantindo a segurança sanitária para jornalistas e demais trabalhadores no Congresso Nacional.
De igual maneira, frisamos que a transferência do Comitê de Imprensa não deve ser realizada. O atual local onde, há décadas, trabalham dezenas de setoristas da Câmara dos Deputados permite uma ampla atuação dos trabalhadores da imprensa, garantindo a cobertura de qualidade esperada pela sociedade. Uma mudança repentina dificulta excessivamente o exercício do jornalismo, afetando profundamente o direito da população brasileira à informação, plural e com qualidade.
O respeito à imprensa, na figura dos profissionais que a representam, é a medida do respeito pela sociedade brasileira e essencial para que a Câmara dos Deputados de fato represente seus eleitores e garanta os pilares da democracia, especialmente em plena pandemia e ascensão do autoritarismo no país.
O SJPDF já oficiou as presidências das Casas Legislativas para cobrar pela manutenção do Comitê em sua atual localização e ainda que, junto com as empresas, garantam que os profissionais da imprensa possam exercer seus trabalhos em segurança, com respeito e com qualidade. E irá alertar os órgãos de vigilância sanitária e Ministério Público do Trabalho para que fiscalizem as condições às quais os trabalhadores estão expostos.
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