Para amigos da igreja, Adélio é conservador e defensor da família
Autor do atentado contra Bolsonaro, segundo pessoas que o conheceram em Montes Claros, só começou a falar de política depois do mensalão
atualizado
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Um homem conservador, religioso, avesso a bebidas e drogas, defensor da família e dos valores cristãos. É assim que frequentadores da Igreja Missionária Resplendor da Gloria de Deus, em Montes Claros, se recordam de Adelio Bispo de Oliveira, autor do atentado contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL).
O presidenciável foi esfaqueado na última quinta-feira (6/9), durante ato de campanha em Juiz de Fora. Adélio, o responsável pelo ataque, foi frequentador e pregou o Evangelho durante mais de duas décadas na pequena Igreja, um salão de alvenaria com bancos feitos com retalhos de madeira sobre a laje da casa da pastora no bairro Dr. João Alves, em Montes Claros (MG).
Ao longo da semana, o jornal O Estado de S. Paulo conversou com diversos integrantes e vizinhos da igreja que não quiseram se identificar por medo de represálias. Segundo eles, o agressor teria um comportamento exemplar até maio de 2005, quando explodiu o escândalo do mensalão. “Foi ali que Adelio veio com essa conversa de política. Ele reclamava muito da corrupção”, disse P.S., de 42 anos.
Naquela época, ele falava em ser candidato a deputado, mas dizia que nenhum partido se adequava à sua ideologia.
De acordo com os amigos da igreja, Adélio era vaidoso, só vestia roupas sociais e recusava presentes que não se adequavam ao seu estilo, detestava fofocas e palavrões. Ele também gostava de exibir o conhecimento sobre a Bíblia e assuntos em geral, sempre em português impecável.
Nas vindas a Montes Claros, ele contava histórias sobre os empregos e cidades por onde passou: pedreiro, garçom, lavrador e até camareiro em um navio.
Em Uberaba, chegou a ficar noivo de uma policial militar. “Depois do noivado, ela casou com outro. Ele era correto demais, chegava a ser chato. A gente dizia que daquele jeito não arrumaria namorada”, disse G.S., 25.
De acordo com os fiéis da igreja, junto com o interesse quase obsessivo pela política, vieram as mudanças de comportamento que culminaram com a briga com um cunhado, há cerca de três anos.