Pai de ministro do Esporte nomeou ex-mulher de Cabral na Alerj
Jorge Picciani (PMDB) é presidente da Alerj e contratou Susana Neves Cabral para ser sua assessora
atualizado
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Citada na Operação Calicute como suposta beneficiária de dinheiro oriundo de esquema de corrupção em obras que teria funcionado no governo do Rio de 2007 a 2014, Susana Neves Cabral, ex-mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), foi nomeada há quatro meses assessora do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), o deputado estadual Jorge Picciani (PMDB). Ele é pai do ministro do Esporte Leonardo Picciani (PMDB).
Pela função de chefe de gabinete parlamentar, Susana recebeu, em novembro, R$ 17.630,51: R$ 3.443,46 por cargo em comissão e R$ 14.187,05 em gratificação. Líquidos, os vencimentos ficaram em R$ 13.651,48. Cabral e sua atual mulher, Adriana Ancelmo, estão presos no Complexo de Gericinó, por ordem da Justiça.
Chefe de gabinete
Segundo a assessoria de imprensa do Legislativo estadual, “o cargo ocupado tem salário que corresponde ao salário de chefe de gabinete, por isso está publicado dessa forma”. “Ela também trabalhou no gabinete de Francisco Dornelles (atual vice-governador do Rio) durante seus oito anos de mandato no Senado”.
O órgão não informou a formação de Susana e nem por quem ela foi indicada ao cargo. O Estado procurou a ex-mulher de Cabral ontem, mas não conseguiu localizá-la.
Prima. Susana foi nomeada pelo próprio Picciani. Ela é prima de Dornelles e do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). Picciani foi aliado e parceiro político do ex-governador do Rio por muitos anos. De 1995 a 2002, Cabral presidiu a Alerj, enquanto o atual presidente era primeiro secretário.
Na denúncia em que pediu a prisão de Cabral, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que Susana recebeu R$ 883 mil oriundos do esquema de corrupção que teria sido montado pelo ex-governador para receber propina de empreiteiras por grandes obras públicas. Susana teria recebido, ao menos em 13 ocasiões, recursos ilícitos da organização criminosa, de 2014 a 2016. A denúncia não afirma que ela tivesse conhecimento da origem ilícita do dinheiro.
Repasses
A ex-mulher de Cabral teria recebido repasses em dinheiro de dois supostos operadores de propina que agiriam a mando do peemedebista, Luiz Carlos Bezerra e Carlos Miranda. As investigações identificaram que Susana e Bezerra se comunicaram por 221 ligações telefônicas nos últimos cinco anos.
Durante as apurações da Operação Calicute, a Polícia Federal identificou uma transferência no valor de ¤ 10 mil para Susana feita por Bezerra. Miranda também foi detectado em ligações telefônicas com ela. A ex-mulher de Cabral, porém, não foi denunciada, nem indiciada nas investigações.
“Resta clara a vinculação entre Carlos Bezerra e a destinatária dos valores, ao se analisar os dados do Sittel, em que constam 221 ligações entre ambos, nos últimos cinco anos, o que confirma a função do operador financeiro no pagamento das despesas da ex-esposa de Sérgio Cabral”, disseram os procuradores.
Codinome. Segundo o MPF, Susana era tratada nas planilhas da distribuição da propina pelo codinome “Susi”, como na do dia 23 de outubro de 2014, na qual consta: “26.018,00 visa Susi + carro 5.160,00 + seguro 1.647,00 = 32.825,00 + 10.000,00”.