Padilha estaria envolvido com propina desde 1995, dizem delatores
Segundo executivos da Odebrecht, ministro teria participado ativamente de esquemas financeiros durante as gestões de FHC, Lula e Dilma
atualizado
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Ao menos seis delatores da Odebrecht afirmam que o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, estaria envolvido em esquemas de propina desde 1995, ainda na gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
Os ex-executivos da empresa relatam que Padilha teve papel central em negociações durante as três últimas gestões presidenciais, de FHC (1995-2002), Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016). O ministro seria o responsável por arrecadar ao menos R$ 11,5 milhões junto à empreiteira.
A negociação teria rendido pagamentos a Padilha até 2010. O ex-diretor de contratos da empreiteira, Victor Lana, chegou a afirmar que entregou uma quantia ao ministro, com apelido de Bicuira, em 2008.
Ainda na planilha dos delatores, mais pagamentos, chegando a R$ 1 milhão, teriam sido entregues no escritório de Eliseu Padilha em 2014. Os valores seriam usados na campanha do PMDB, segundo acordo feito em um jantar no Palácio do Jaburu, com a presença do presidente Michel Temer.
No total, seriam repassados R$ 10 milhões ao partido, sendo R$ 6 milhões destinados à campanha de Paulo Skaf (PMDB-SP) para o governo de São Paulo. Os R$ 4 milhões restantes ficariam sob responsabilidade do próprio Padilha, segundo relatos dos delatores.
As acusações foram levadas em conta pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, que abriu dois inquéritos contra Padilha. As investigações abordam negociações em três obras do governo: a Eclusa de Lajeado, em Tocantins; a Transurb, no Rio Grande do Sul; e o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Nas obras em questão, o atual chefe da Casa Civil teria atuado em favorecimento da empreiteira.
Defesa
A publicação alega ter procurado Eliseu Padilha para explicações. O ministro teria afirmado apenas que confia nas instituições do país, “razão pela qual registra que tem certeza de que com a abertura das investigações lhe será garantida a oportunidade para exercer amplamente seu direito de defesa”, alegou o chefe da Casa Civil por meio de sua assessoria.