Oposição pedirá convocação de Heleno para explicar ameaça ao STF
O ministro disse se preocupar com possível ataque a Bolsonaro em 2022 e que precisa tomar “Lexotan” para não tomar medidas contra Corte
atualizado
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O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), informou que pedirá a convocação do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, para que ele dê explicações sobre ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e sobre um “atentado fatal” contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que o ministro disse “prever” para o próximo ano.
As falas foram divulgadas pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, nesta terça-feira (14/12). O ministro diz que está “muito preocupado” e rezará para que Bolsonaro não sofra um atentado fatal em 2022.
Heleno ainda disse que recorrerá a várias religiões para rezar pela vida do presidente no ano eleitoral e que precisa tomar calmantes diariamente — “dois Lexotan na veia” — para não levar Bolsonaro a tomar “uma atitude mais drástica” contra o STF.
“Augusto Heleno deve explicações por mais esta ameaça ao STF e à independência dos Poderes. Em qualquer governo sério, que tenha compromisso com a democracia, o general Heleno já teria sido demitido há muito tempo”, disse Molon ao Metrópoles.
As declarações de Heleno foram feitas durante formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência, para agentes já em atividade na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo o ministro, “é preciso agir para evitar a adoção da solução mais rápida: eliminar o presidente da República”.
“Caráter golpista”
Parlamentares criticaram as declarações do general Augusto Heleno e classificaram as falas do ministro do GSI como “desequilibradas” e de “caráter golpista”.
“Heleno tornou-se um velho gagá, um lunático. O problema é que, apesar de já ter, junto de Bolsonaro, vendido a alma ao Centrão, ainda sente-se um bastião da moral, dotado de um poder capaz até de fechar outro Poder. Esse sujeito precisa ser interditado”, afirmou o vice-líder do DEM, deputado Kim Kataguiri (SP).
“O ministro Heleno parece profundamente desequilibrado, considerando o teor das suas declarações”, disse o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
“Desespero”
O deputado Rogério Correia (MG), vice-líder do PT na Câmara, apontou o caráter golpista das declarações.
“A declaração do general Heleno em especial sendo ele responsável pelo gabinete de segurança institucional é muito irresponsável. Ele retoma a ideia golpista de Jair Bolsonaro, que no dia 7 de Setembro por pouco não desfecha um golpe na brasileira. Isso só não aconteceu porque não houve respaldo popular e também porque as instituições reagiram e não foram atrás da ideia de golpe propalada por ele e organizada por ele. Agora o general Heleno retoma isso em véspera de eleições. É claro que tem aí também o desespero”, afirmou.
“Agrava-se a fome, agrava-se a miséria, o desemprego. Então mostra o desespero, mostra um planejamento golpista. Então infelizmente um general retoma esse debate nós julgávamos sepultado. Então é preciso que tenhamos atenção e que as instituições não permitam mais essa tentativa golpista que o general Heleno aponta ao atacar o Supremo Tribunal Federal”, acrescentou.
“Blá-blá-blá”
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apontou que a fala de Heleno já denota uma “derrota previsível” de Bolsonaro em 2022. “O único remédio para este governo é o BANCO DOS RÉUS! É tanto blá-blá-blá pra justificar uma derrota previsível de Bolsonaro em 2022, que chega a dar dó. O povo dará a resposta nas urnas. Aliás, a resposta já está nas ruas!”, escreveu o senador em suas redes sociais.
O único remédio para este governo é o BANCO DOS RÉUS! É tanto blá-blá-blá pra justificar uma derrota previsível de Bolsonaro em 2022, que chega a dar dó. O povo dará a resposta nas urnas. Aliás, a resposta já está nas ruas! https://t.co/dSC9zxHJQJ
— Randolfe Rodrigues 💉👓 (@randolfeap) December 14, 2021
O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE) indicou que a fala merece um posicionamento mais rígido do Congresso Nacional por ter um caráter nitidamente golpista. Ele também defendeu a convocação do ministro.
“Considero essas declarações gravíssimas, especialmente porque se trata daquele que coordena o GSI, que é responsável pela segurança do presidente, que é responsável pela Abin. Ele faz um discurso em que fica evidente as ameaças e as acusações contra o STF não são coisas exclusivas do presidente Bolsonaro apenas, e que há, entre seus assessores, aqueles que estimulam esse tipo de prática e de ação”, disse o senador.
“Na verdade, trata-se de uma posição nitidamente golpista. O Senado e o Congresso precisam se posicionar é fundamental que ele seja convocado por alguma das comissões aqui para que se explique com relação a essas declarações”, defendeu o senador.