“Estamos começando a contar os votos”, diz Maia sobre Previdência
Presidente da Câmara afirmou que governo avalia condições para votar a matéria. Oposição diz que “não há acordo nenhum” sobre PEC
atualizado
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Uma semana após a apresentação do novo texto da reforma da Previdência pelo governo federal, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o Planalto “está começando a contar os votos” para a aprovação da matéria. Maia afirmou que a União reforçou a articulação no Legislativo para que a proposta seja votada na Casa ainda este ano.
“Pedi ao líder do governo e à Secretaria de Articulação Política para que a gente visse as condições de votar. A gente precisa organizar os votos”, disse o presidente da Câmara, após reunião com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, nesta terça-feira (28/11). Maia reforçou que, para garantir a aprovação do texto, a reforma precisaria ser apreciada no plenário da Casa ainda neste ano, para então, em 2018, ser analisada pelo Senado.
Novas demandas
Apesar das modificações feitas pelo relator da reforma, deputado Arthur Maia (PPS-BA), ao texto original, bancadas da Câmara dos Deputados continuam a pleitear alterações na proposta. O PSDB é uma delas. O líder da legenda na Casa, Ricardo Tripoli (SP), afirmou que telefonou para Maia nesta terça com demandas da legenda para a emenda da PEC.
Entre as sugestões do PSDB, estão mudanças na aposentadoria por invalidez permanente e nas regras de transição para o cumprimento da idade mínima. Segundo Tripoli, a incorporação dessas demandas “ampliaria muito” os votos tucanos à reforma.
O presidente da Câmara informou que as sugestões do PSDB estão sendo analisadas pelo secretário da Previdência, Marcelo Caetano. “Sem os votos do PSDB, a gente sabe que é quase impossível. Eles pediram três temas. Vamos avaliar se fica muito longe dos 50% de economia que a gente está prevendo”, afirmou Maia.
“Não há diálogo”
Enquanto o Planalto se articula com políticos da base para a votação da matéria, líderes da oposição na Câmara dos Deputados afirmaram que “não existe diálogo nenhum” sobre uma possível votação da reforma da Previdência ainda neste ano. Segundo parlamentares, a ideia é entrar em “estado geral de mobilização” até a data para a análise da matéria ser anunciada pelo Planalto.
“Não há dialogo nenhum. O único acordo possível é adiar a votação para o próximo ano”, afirmou o líder da minoria na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE). Ele criticou o novo texto apresentado pelo relator da matéria e refutou que o governo tenha os votos necessários para aprovar o texto. “Eles estão blefando e tentando convencer o deputado indeciso”, disse.
Segundo Guimarães, a oposição organizará, na próxima semana, uma série de ações para a mobilização dos membros da Casa contra o texto. Entre elas, campanhas nas bases eleitorais, abordagens em aeroportos e estratégias nas redes sociais. “Queremos criar uma pressão democrática em cada parlamentar”, resumiu.
A oposição anunciou ainda que deverá obstruir a votação de duas medidas provisórias em pauta na Câmara: a MP do Funrural, que renegocia dívidas de trabalhadores rurais, e a MP 795, que cria incentivos fiscais para multinacionais no setor do petróleo. “O governo fala que precisa fazer reforma da Previdência, mas todo dia é um Refis [refinanciamento] diferente”, comentou Guimarães.
Greve geral
As centrais sindicais deverão convocar, para o próximo dia 5 de dezembro, uma nova paralisação geral contra as reformas propostas pelo governo Michel Temer (PMDB-SP). Segundo líderes sindicais, a intenção é pressionar deputados a não aprovar a reforma da Previdência. A mobilização será nacional.