Oposição convida partidos de centro para novo pedido de impeachment
Líderes pretendem se reunir na próxima semana para tentar ampliar a resistência a Bolsonaro na Câmara
atualizado
Compartilhar notícia
Diante da crise gerada após a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), nas manifestações de 7 de setembro, partidos de oposição na Câmara planejam apresentar um novo pedido de impeachment contra o o chefe do Executivo, desta vez com a adesão de partidos de centro.
Líderes da oposição marcaram para a próxima quarta-feira (15/9) uma reunião na Liderança da Minoria, com a participação de deputados do Cidadania, Solidariedade e PV, que já estavam em conversas com o grupo. Depois, as siglas deverão participar de um almoço na Liderança do PDT.
Também foram convidados para o encontro o PSDB, que se declarou oposição nesta semana; o PSD, presidido pelo ex-ministro Gilberto Kassab, e o MDB, comandado pelo deputado Baleia Rossi (SP).
“Vamos ampliar esse processo. Na semana que vem tem reunião com vários partidos para que a gente dê encaminhamento ao pedido de impeachment. Bolsonaro não tem condição de governar esse país”, disse o líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ).
A ideia é ampliar a pressão sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que ele dê início à tramitação do pedido de impeachment. O entendimento é de que o apoio de partidos que faziam parte da base bolsonarista ou que se mantinham numa posição de independência do governo pode dar tração à pauta.
Bancadas
Apesar de reforçarem a resistência a Bolsonaro, juntas, as bancadas de centro dispostas a aderir à pauta da oposição somam 126 deputados. Essa adesão, no entanto, não é unânime em nenhuma das siglas.
No PSD, por exemplo, apesar de Kassab já ter indicado o distanciamento do partido de Bolsonaro, líderes da legenda afirmam que dos 34 parlamentares, pelo menos 22 continuam com o governo.
Já os partidos de oposição somam (PT, PSB, PDT, PSol, PCdoB e Rede) somam 127 deputados.
O envio do processo para julgamento no Senado só poderia ser autorizado pela Câmara com 342 votos favoráveis.
Irritação
Nesta quinta-feira (9/9), após um encontro com o ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro divulgou uma nota na qual diz que às vezes fala “no calor do momento” e que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”. A nota, um claro recuo no tom das últimas semanas, foi publicada no site do Palácio do Planalto.
O comunicado irritou ainda mais deputados da oposição e de centro, que avaliaram que o o apoio ao processo de impeachment cresceu após os protestos, seguidos de bloqueios feitos por caminhoneiros bolsonaristas.
O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) classificou Bolsonaro de “instável e inconsequente”.
“Depois de ter criado o caos no país, nas últimas 48h, com atos antidemocráticos em Brasília e São Paulo, ameaças golpistas e ataques ao Supremo Tribunal Federal, finalmente Bolsonaro recuou. É difícil dizer até quando esse recuo vai durar, porque, como sabemos, o presidente é instável e inconsequente e pode voltar à sua escalada autoritária a qualquer momento. Já passou da hora de o presidente da República cuidar dos verdadeiros problemas do país: a fome, desemprego, a inflação, entre tantos outros, e parar de criar novos problemas. O país não suporta mais.”