ONU condena Bolsonaro “com veemência” por promover armas com crianças
Na semana passada, o presidente ovacionou uma criança que estava vestida de militar e portando um fuzil de brinquedo
atualizado
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi duramente criticado pelo Comitê da Organização Nacional das Nações Unidas sobre ter usado uma criança para promover o armamentismo. Durante cerimônia de sanção do projeto de obras do metrô de Belo Horizonte e do lançamento da pedra fundamental do Centro Nacional de Vacinas, o mandatário posou ao lado de um garoto vestido de policial e que segurava um fuzil de brinquedo.
O Comitê da ONU dos Direitos da Criança disse, na manhã desta terça-feira (5/10), em Genebra, que condena o comportamento do líder brasileiro. “O comitê condena com veemência o uso de crianças pelo presidente Bolsonaro, vestidas com trajes militares e com o que parece ser uma arma de fogo, para promover sua agenda política, mais recentemente em 30 de setembro de 2021”, disse a organização.
De acordo com o comitê, a publicitação “perpetua ainda mais os danos a elas causados e corre o risco de contribuir para a falsa percepção de que o uso de crianças em hostilidades é aceitável”. Organizações não governamentais (ONGs) e entidades em defesa dos direitos humanos denunciaram o presidente à organização no sábado (2/10).
“O Brasil é um Estado parte tanto da Convenção sobre o Direito das Crianças quanto de seu Protocolo Opcional sobre o envolvimento de crianças em conflitos armados, e tem a obrigação de garantir que as crianças não participem de hostilidades ou de qualquer atividade relacionada a conflitos”, acrescenta a organização.
“A participação de crianças em hostilidades é explicitamente proibida pela Convenção sobre os Direitos da Criança (Artigo 38) e seu Protocolo Opcional sobre o envolvimento de crianças em conflitos armados (Artigos 1 e 4)”, sugere.
Entenda
Uma criança fantasiada de policial se sentou do lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com um fuzil de brinquedo durante a cerimônia de sanção do projeto de obras do metrô de Belo Horizonte e do lançamento da pedra fundamental do Centro Nacional de Vacinas.
O presidente, entusiasta do armamento, elogiou os pais do menino — que não teve a idade e o nome revelados. O evento aconteceu nesta quinta-feira (30/9).
“Eu estou com quase 70 anos. Quando eu era moleque, eu brincava com isso: arma, flecha, estilingue. Assim foi criada a minha geração e crescemos homens, fortes, sadios e trabalhadores”, contemporizou.
O chefe do Palácio do Planalto completou: “Obrigado aos pais desse moleque por estar o emprestando para dar um exemplo de civilidade. Obrigado, Polícia Militar de Minas Gerais”.
Com o ato, organizações não governamentais (ONGs) e entidades em defesa dos direitos humanos denunciaram o mandatário no sábado (2/10). A manifestação foi assinada por 80 grupos diferentes, que também fizeram uma representação junto ao Conselho Tutelar de Belo Horizonte, cidade onde ocorreu o episódio, para que adote medidas de proteção frente ao fato, que, segundo defendem, viola a imagem e dignidade da criança.