Onde e o que estudaram os 22 ministros de Jair Bolsonaro?
Maioria da futura cúpula federal cursou direito ou engenharia. Diplomas são de instituições do Brasil (inclusive DF), Europa, EUA e Colômbia
atualizado
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Ao longo da campanha vitoriosa que o credenciou a assumir a partir de 1º de janeiro o comando do país, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), adotou o discurso de que indicaria uma equipe ministerial que, em suas palavras, estaria comprometida com a sociedade e seria formada de acordo com critérios técnicos. Com os 22 ministérios completos, é possível notar preferências e similaridades nas escolhas do futuro chefe do Executivo federal.
Queridinho entre os estudantes das chamadas ciências humanas, o curso de direito consta no currículo de boa parte dos próximos ministros da gestão Bolsonaro. Essa é a formação de André Luiz Mendonça (Advocacia-Geral da União), Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), Ricardo Salles (Meio Ambiente), Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional).
Atual ministro da Transparência e Controladoria-Geral da União e garantido no cargo por Bolsonaro, Wagner Rosário tem como assessor especial André Luiz de Almeida Mendonça. Ambos estudaram na Universidade de Salamanca, a mais antiga da Espanha e dona de uma das tradições mais eloquentes do Velho Continente. Por lá passaram figuras ilustres, como Hernán Cortés, dominador espanhol que conquistou o território onde hoje é o México.
Rosário, militar de formação e mestre em educação física – seu trabalho final foi sobre suplementação –, alcançou o mesmo título na universidade espanhola no curso de Combate à Corrupção e Estado de Direito. Mendonça, por sua vez, foi premiado pelos trabalhos de mestre e doutor em direito pela mesma instituição. Ele tem publicações sobre combate à corrupção e improbidade administrativa.
Onde e o que estudaram os ministros de Bolsonaro?
Exatas
Além da turma de humanas, há um grupo de futuros ministros que optou por cursos das ciências exatas. A maior parte deles graduou-se em engenharia. Tereza Cristina é engenheira agrônoma pela Universidade Federal de Viçosa (MG). Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, graduou-se em engenharia de fortificação e construção pelo Instituto Militar de Engenharia (IME).
Nesse grupo, há também o futuro ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que não completou o curso de engenharia civil em Belo Horizonte. Gustavo Canuto, do Desenvolvimento Regional, optou pela área de computação, e o general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, engenharia civil.
Futuro ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o astronauta Marcos Pontes estudou engenharia aeronáutica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e é mestre em engenharia de sistemas pela californiana Naval Postgraduate School (EUA).
Aman
Outro grupo que compõe parte do governo reúne altos oficiais graduados pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Localizada em Resende (RJ), a instituição é responsável por formar os oficiais combatentes de carreira das armas de infantaria, cavalaria, artilharia, engenharia e comunicações.
Além dos generais do Exército Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva e Carlos Alberto dos Santos Cruz, Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Wagner Rosário (CGU) também estudaram na Aman.
Heleno se destacou entre os colegas desde a graduação na Academia Militar de Agulhas Negras, em 1969, quando conquistou o primeiro lugar na turma da arma de cavalaria. Também teve a melhor colocação na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e na Escola de Comando e Estado Maior do Exército (Eceme).
Economia
Batizado por Bolsonaro de “Posto Ipiranga” durante a campanha, o superministro da Economia, Paulo Guedes, concluiu parte dos seus estudos na renomada Universidade de Chicago. Com viés liberal, o conjunto de ideias dessa universidade já foi aplicado em diversos países, como no Chile, durante a ditadura de Augusto Pinochet, nos governos de Margaret Tatcher, na Inglaterra, e de Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
Parte da sua equipe também passou pela instituição. Ex-ministro de Dilma Rousseff e futuro presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Joaquim Levy, estudou lá.
De Brasília
As instituições de ensino de Brasília também têm ex-alunos no governo Bolsonaro. Além do futuro chanceler Ernesto Araújo, formado em letras, André Luiz Mendonça (AGU), Osmar Terra (Cidadania) e o almirante Bento Costa (Minas e Energia) saíram das fileiras da Universidade de Brasília (foto em destaque).
Wagner Rosário (CGU) cursou educação física na Universidade Católica. Já Gustavo Canuto, futuro titular da pasta de Desenvolvimento Regional, estudou direito no antigo Centro Universitário de Brasília (atual UniCeub).
Saúde
Futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni cursou medicina veterinária na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Indicado para a pasta da Saúde, Luiz Henrique Mandetta é médico formado pela Universidade Gama Filho (UGF). Ele tem especializações em ortopedia pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul e na Scottish Rite Hospital for Children, de Atlanta (EUA).
Escolhido para o ministério da Cidadania, Osmar Terra é médico com mestrado em neurociência. Ele se graduou na Universidade Federal do Rio de Janeiro e fez especialização em saúde perinatal na UnB.
Conheça algumas das principais universidades internacionais que formaram os futuros ministros da gestão Bolsonaro:
Currículo e textos on-line
Há quem tenha páginas pessoais, nas quais contam trajetória de vida e publicam textos. É o caso dos futuros ministros Osmar Terra, Marcos Pontes, Onyx Lorenzoni, Tereza Cristina, Marcelo Álvaro Antônio e Ernesto Araújo
O que Bolsonaro falou sobre a formação do governo antes e após as eleições:
Antes de qualquer resultado, temos encontrado nomes qualificados para compor nosso time. Na prática, é a garantia de uma equipe comprometida com interesses da nação e não com indicações de lideranças de partidos políticos, o que tem mantido o Brasil na lama nos últimos governos.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 24, 2018
Não estou preocupado com a cor, sexo ou sexualidade de quem está na minha equipe, mas com a missão de fazer o Brasil crescer, combater o crime organizado e a corrupção, dentre outras urgências.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 7, 2018
Se vencermos, já começamos diferentes dos outros. Estamos livres para escolher nossa equipe pelo critério técnico e pela eficiência. Não devemos cargos nem favores que coloquem em xeque a autonomia de nosso governo e a soberania de nosso país. Nossa aliança é com a sociedade!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) October 6, 2018