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“Ombrada”, “pênis na porta”, “petulante para caralho”: relembre confusões que marcaram a CPI

Entre as 58 reuniões já realizadas pelo colegiado, algumas ficaram marcadas pelas confusões e discussões acaloradas

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Leopoldo Silva/Agência Senado
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1 de 1 51499918102_3ffb1a9417_k - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

O intenso bate-boca entre o relator da CPI da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), e o senador governista Jorginho Mello (PL-SC) nesta quinta-feira (23/9) não foi a única confusão protagonizada por parlamentares no âmbito da comissão. Ao longo das 58 reuniões já realizadas pelo colegiado, várias ficaram marcadas por discussões e ânimos exaltados.

Nesta quinta, foi a vez de Calheiros entrar em atrito com a base aliada do governo. A discussão, que por pouco não evoluiu para pancadaria aberta, começou após o relator da comissão tecer críticas ao governo federal, em especial ao empresário bolsonarista Luciano Hang, proprietário da rede de lojas da Havan.

Calheiros se irritou com o senador catarinense em razão das interrupções do parlamentar durante seus questionamentos ao depoente, dando início ao bate-boca. “Vossa excelência não pode me interromper”, disse.

Melo respondeu: “Eu posso interromper, não foi o presidente que escolheu esses picaretas”, rebateu, apontando para Danilo Trento, diretor da Precisa Medicamentos, alvo do colegiado.

O relator insistiu para que Melo não lhe interrompesse. “Ah, vá para os quintos [dos infernos]”, disparou o catarinense. O emedebista subiu o tom. “Vá vossa excelência com o seu presidente e com Luciano Hang.”

“Vá lavar a tua boca para falar do Luciano, um empresário decente, um homem honrado”, respondeu Jorginho Melo. Calheiros, então, chamou o colega de “vagabundo”. “Vai lavar a tua, vagabundo”. E o senador governista se irritou: “Vagabundo é você, ladrão picareta. Você é um ladrão picareta”.

Assista:

Renan Calheiros chegou a levantar da mesa da relatoria e partiu em direção ao senador governista. O relator precisou ser contido pelo vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“Descontrolada”

Ainda nessa semana, outro depoimento marcado pelos ânimos exaltados foi o  do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, à CPI da Covid-19. Isso porque o servidor ofendeu a senadora Simone Tebet (MDB-MS), alegando que ela estaria “descontrolada”.

Essa foi a gota d’água para os senadores, que já demonstravam irritação com o comportamento do depoente. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), chegou a dizer que Rosário era “petulante para caralho”.

Após a ofensa à senadora, os parlamentares foram à mesa onde o depoente estava sentado para tirar satisfação. Enquanto isso, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) batia boca com a senadora Leila (Cidadania-DF), que acusava o ministro do CGU de machismo.

“Ele está desrespeitando a senadora Simone desde o começo, Marcos. Aí sempre a gente é descontrolada. Vocês não fazem show todo dia aqui dentro? Ele não vai destratar uma mulher aqui, não. Vamos lá, nós dois, tranquilos os dois”, disparou a senadora brasiliense.

Caso de polícia

Houve, inclusive, por duas oportunidades, momentos em que a CPI virou caso de polícia. A primeira ocorreu na prisão do ex-diretor do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias pelo suposto crime de falso testemunho. A segunda oportunidade envolveu o deputado federal Reinhold Stephanes Júnior (PSD-PR).

O congressista foi expulso da sala da comissão, acusado de ofender membros do colegiado. A confusão ocorreu durante sessão destinada a ouvir o ex-assessor da Saúde Marcelo Blanco.

Enquanto acompanhava a oitiva, Reinhold afirmou que “CPI é um desserviço e faz mal ao Brasil” e acusou o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) de ser “prepotente e arrogante”. Ao tomar conhecimento da ofensa, o senador solicitou à Polícia Legislativa que o retirasse de sala e ainda determinou que o parlamentar fosse autuado.

Estes, contudo, estão longe de terem sido os episódios mais tensos protagonizados pelos membros da comissão, que caminha para encerrar os trabalhos na primeira semana de outubro.

“Vagabundo”

Em oitiva com o Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), discutiu calorosamente como o senador e filho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), que à época frequentava o colegiado.

Na oportunidade, ao solicitar que o presidente Omar Aziz (PSD-AM) determinasse a prisão de Wajngarten por falso testemunho, Calheiros foi xingado por Flávio de “vagabundo”. “Imagina um cidadão honesto [Fabio Wajngarten] ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros”, disparou o senador do Patriota.

Renan Calheiros devolveu a agressão: “Vagabundo é você que roubou dinheiro do pessoal do seu gabinete”. O bate-boca levou a sessão a ser suspensa e senadores precisaram conter a dupla.

Relembre:

“Ombrada”

Houve, também, uma sessão onde inquiridor e depoente, por pouco, não foram às vias de fato. Enquanto a CPI estava no intervalo, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) decidiu tirar satisfações com o deputado Luis Miranda (DEM-DF).

Irritado com as respostas de Miranda, o senador chegou a dar uma “ombrada” no congressista. Couve a Humberto Costa (PT-PE), Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) separá-los.

Ricardo Barros

O líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi um dos convidados a depor que mais conseguiu provocar a ira dos senadores. Ele foi chamado a prestar esclarecimentos após ter sido supostamente citado por Bolsonaro em conversa com os irmãos Luis Miranda e Luis Ricardo Miranda para denunciar irregularidades na Covaxin.

Na sessão, Barros negou por diversas vezes que o presidente teria mencionado seu nome e não perdeu a oportunidade de alfinetar os parlamentares. A gota d’água para os membros da comissão foi quando o deputado provocou dizendo que a CPI havia “afastado o interesse” de empresas em negociar vacinas contra a Covid-19 com o Brasil.

“Espero que a CPI produza efeitos positivos para o Brasil, porque o negativo já produziu muito. Afastou muitas empresas”, afirmou o deputado, na ocasião

A alfinetada de Barros fez a CPI subir o tom. “Este é o maior absurdo que foi dito por essa CPI até agora”, resumiu a senadora Simone Tebet (MDB-MS). “A CPI atrapalhou, sim. Atrapalhou um golpe”, completou, mais exaltado, o senador Randolfe Rodrigues.

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