Omar Aziz diz que Ernesto Araújo mente à CPI e o repreende
Fala ocorreu quando o ex-chanceler negou ter tido atritos com a China durante a sua gestão nas Relações Exteriores
atualizado
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O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo “faltou com a verdade” em respostas ao colegiado sobre atritos com a China durante seu depoimento, nesta terça-feira (18/5).
Omar interrompeu os questionamentos que eram feitos ao ex-chanceler pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ernesto negou que as manifestações e falas sobre o governo chinês fossem ofensivas e tenham provocado impasses na boa relação entre Brasil e o país asiático.
Nesse momento, o presidente disse ao ex-chanceler: “Quero alertá-lo que o senhor está sob juramento de falar a verdade. Vossa excelência está faltando com a verdade. Peço que não faça isso”.
Segundo Omar, o ex-ministro “teve vários desentendimentos” com a China. “Esse artigo que vossa excelência chama de ‘comunavírus’ e há pouco disse para o relator que não teve nenhum desentendimento, nenhuma declaração. O senhor teve vários desentendimentos”, afirmou, referindo-se ao artigo escrito por Ernesto em blog pessoal e intitulado “Comunavírus”, em que insinua um plano comunista mundial.
Ernesto, então, voltou a negar os desentendimentos. “Artigo não é absolutamente contra a China, leitura deixa isso claro, China é mencionada lateralmente em um ponto do artigo. Não é sobre a China, não vejo nada que tenha sido ofensivo à China. Comunavírus não é designação ofensiva ao coronavírus é uma designação ao que o autor chama de vírus ideológico”, explicou.
O presidente da CPI rebateu a fala do ex-ministro: “Não faça isso, como não é ofensivo?”. E ironizou Ernesto. “Uma das maiores injustiças que o presidente Bolsonaro fez, então, foi pedir a sua carta de demissão. Vossa excelência é uma pessoa que realmente não teve atrito”, disse.
“Eu acho que esse assunto já tá encerrado. Não dá para permitir que nossos ouvidos aqui passem em branco. Os governos vão passar, mas a nossa relação amigável com a China não. Faço um apelo para que a China não puna o povo brasileiro, que não tem responsabilidade sobre isso”, completou Omar.
Ao relator, Araújo afirmou que jamais promoveu atrito com a China, “seja antes ou durante a pandemia”.
“De modo que os resultados que nós obtivemos na concepção de vacinas e em outros aspectos decorrem de uma política externa que não era de alinhamento automático com os Estados Unidos, multilateral ou de enfrentamento com a China”, explicou.
Ernesto Araújo, no entanto, já esteve envolvido em uma crise diplomática com o governo chinês após declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub. O ex-chanceler chegou a emitir notas oficiais com críticas ao embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming.
Em uma das ocasiões, Eduardo Bolsonaro culpou a China pelo coronavírus e foi duramente repreendido pelo diplomata chinês. Ernesto Araújo então defendeu o filho do presidente e disse ser “inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores”.