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Oito ex-assessores de Jair Bolsonaro tiveram sigilos quebrados

Funcionários que assessoraram o atual presidente da República quando era deputado federal estão entre os investigados pelo MP do Rio

atualizado

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Presidente Jair Bolsonaro acompanha cerimonia de Comemoraçāo do Dia do Exercito Brasileiro
1 de 1 Presidente Jair Bolsonaro acompanha cerimonia de Comemoraçāo do Dia do Exercito Brasileiro - Foto: Michael Melo/Metrópoles

Oito alvos da quebra de sigilo bancário e fiscal na investigação que mira o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) já trabalharam no gabinete do pai, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), quando ele era deputado federal. Os nomes, que incluem uma irmã e uma prima de Ana Cristina Valle, ex-mulher do chefe do Executivo, aparecem em decisão do juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, de 24 de abril, que listou 95 pessoas e empresas na investigação. Todos terão os dados bancários e fiscais abertos a pedido do Ministério Público.

Os dados liberados por ordem da Justiça serão analisados em procedimento criminal do Ministério Público do Rio para apurar suspeita de “rachadinha”, a prática de repasse de parte do salário de servidores para o próprio político que os empregou.

Além de familiares da ex-mulher, na lista de ex-assessores do hoje presidente que tiveram quebra de sigilo está Nathalia Queiroz. Ela é filha de Fabrício Queiroz, que oficialmente trabalhava como motorista de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Queiroz aparece em lista do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por ter movimentado na conta, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, R$ 1,2 milhão – valor incompatível com a renda dele. Queiroz recebia na conta depósitos de colegas de gabinete, muitas vezes poucos dias após o pagamento dos salários na Casa.

Queiroz nega irregularidades – diz que recolhia os salários para redistribuí-los e contratar informalmente mais assessores –, mas faltou a depoimentos no MPE.

Também integra a relação Fernando Nascimento Pessoa, que atuava como advogado da família Bolsonaro enquanto ocupava cargo no gabinete de Flávio na Alerj. Ele também trabalhou com o hoje presidente quando este era deputado federal.

Assessores
Um levantamento feito pelo Estadão Dados, com base em documentos obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, mostra que a família Bolsonaro manteve, em quase três décadas de vida parlamentar, a prática de alternar a contratação de funcionários entre os gabinetes na Câmara, em Brasília, na Alerj e na Câmara Municipal da capital fluminense.

Ao todo, 30 pessoas já passaram por mais de um gabinete de Jair Bolsonaro ou dos três filhos que têm atuação política: Flávio (que era deputado estadual no Rio), Eduardo (deputado federal por São Paulo) e Carlos (vereador no Rio).

Apesar de ser o filho que entrou há menos tempo na vida pública, Eduardo é quem compartilha o maior número de servidores com o pai. Foram doze pessoas, em menos de quatro anos e meio de mandato como parlamentar. Carlos e Flávio empregaram, respectivamente, nove e oito funcionários que passaram pelo gabinete do pai. Um deles, Nelson Alves Rabello, foi a única pessoa que passou pelas assessorias de três integrantes da família — e também teve sigilo bancário quebrado nesta semana.

Procurada, a assessoria de Flávio repetiu manifestação feita nessa segunda-feira (13/05/2019), quando reagiu à quebra de sigilo. “O meu sigilo bancário já havia sido quebrado ilegalmente pelo MPRJ, sem autorização judicial. Tanto é que informações detalhadas e sigilosas de minha conta bancária, com identificação de beneficiários de pagamentos, valores e até horas e minutos de depósitos, já foram expostas em rede nacional após o chefe do MPRJ, pessoalmente, vazar tais dados sigilosos. Somente agora, em maio de 2019, tentam uma manobra para esquentar informações ilícitas, que já possuem há vários meses”, diz nota.

A Presidência da República informou que não se pronunciaria sobre o caso. Já o advogado Paulo Klein, que representa a família Queiroz, informou que não vê nenhum problema no fato de Nathalia ter trabalhado com Flávio e Bolsonaro e que não há prova de nenhuma irregularidade. “Quem tem que provar que houve crime é a acusação e não a defesa fazer prova negativa”. O Estado não conseguiu localizar os demais citados.

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