Odebrecht vai assumir que controlava repasses a campanhas de Dilma
Segundo informações da Folha de S. Paulo, empresário deve falar, em delação premiada, sobre conversa que teve com a presidente afastada acerca de pagamentos ilícitos feitos pela empreiteira a João Santana
atualizado
Compartilhar notícia
Ex-presidente da Odebrecht, o empresário Marcelo Odebrecht vai assumir, no acordo de delação premiada que negocia com a Lava Jato, que controlava pessoalmente os repasses legais e ilegais que foram feitos às campanhas presidenciais da presidente afastada Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. As informações são da Folha de S. Paulo.
Segundo o jornal, Odebrecht deve falar sobre uma conversa que teve com Dilma no México em 26 de maio do ano passado, 24 dias antes de ser preso. Na ocasião, ele teria alertado a presidente afastada de que a Operação Lava Jato estava próxima de descobrir os pagamentos ilícitos feitos pela empreiteira ao marqueteiro João Santana, na Suíça. De acordo com o empresário, Dilma não teria dado ouvidos ao que ele dizia.Em delação, o executivo também deve afirmar que não considera crime os repasses feitos a Santana. Para ele, o caixa dois faz parte da cultura política do país e do sistema de financiamento de partidos no Brasil.
Esse relato confirmaria a suspeita dos procuradores e da Polícia Federal de que o marqueteiro teria recebido repasses ilícitos no Brasil e no exterior. Foram R$ 42 milhões e R$ 78 milhões pelas campanhas de 2010 e 2014, respectivamente, segundo o que foi declarado à Justiça Eleitoral.
Segundo a Folha, o financiamento ilícito das últimas campanhas de Dilma estão entre os 20 temas que Odebrecht esboçou nos preparativos para a delação.
Dilma
Até a descoberta dos pagamentos de US$ 4 milhões na Suíça, Odebrecht dizia a seus interlocutores que não se sentia ameaçado pela Lava Jato, uma vez que se ele fosse pego, o governo de Dilma cairia junto.
Ao jornal, a assessoria da presidente afastada confirmou que ela esteve com Marcelo Odebrecht em maio de 2015 na Cidade do México. No entanto, afirmou que doações e pagamentos a João Santana não foram tratados no encontro. (Com informações da Folha de S. Paulo)