“Objetivo é evitar que o PT volte ao governo”, diz Lula sobre julgamento
Em reunião do partido, o ex-presidente disparou contra a PF e o MP. No mesmo evento, Paulo Pimenta foi escolhido líder do PT na Câmara
atualizado
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Na manhã seguinte à definição do dia 24 de janeiro como data para o julgamento de seu recurso na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu em Brasília com lideranças do PT na Câmara e no Senado. Condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses por corrupção e lavagem de dinheiro em primeira instância no caso do triplex do Guarujá, Lula usou o evento desta quarta-feira (13/12) para se defender das acusações.
“A única coisa que eu não quero é ser condenado, mesmo sendo inocente. Sei que o objetivo é tentar evitar que o PT volte ao governo”, disse o ex-presidente para uma plateia de correligionários no Teatro dos Bancários. “É muito mais uma ação política do que jurídica. Eu não quero ser candidato se for culpado. Seria leviandade da minha parte”, continuou.
Lula disparou contra a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Judiciário. Segundo ele, há pessoas nesses setores que se comportam como políticos. “É com muita tristeza que vejo o comportamento de setores da PF, do MP e do Poder Judiciário estar totalmente subordinado à opinião pública. O cidadão que quiser se comportar assim deve ser vereador, prefeito, deputado, senador, presidente”, pontuou.Em sua avaliação, houve uma “pactuação diabólica” da imprensa com a PF, o MPF e o Judiciário. “Se as instituições não voltarem a funcionar, esse país não tem jeito”, discursou, citando emissoras de tevê e revistas semanais.
Na mesa do evento, junto a Lula, estavam os deputados Paulo Pimenta, José Guimarães e Carlos Zarattini e os senadores Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias. Todos fizeram defesas veementes do ex-presidente.
Novo líder
Na mesma reunião, Paulo Pimenta foi escolhido novo líder da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, sucedendo Carlos Zarattini. Pimenta, que assume o posto em janeiro, aproveitou o encontro para também disparar contra a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de marcar o julgamento do recurso de Lula.
“A decisão do TRF-4 é quase como uma declaração de guerra. O tribunal não seguiu a ordem cronológica de entrada dos processos. Desde quando um calendário eleitoral pode ser justificativa para que um tribunal quebre sua jurisprudência e altere a ordem dos processos?”, questionou.
Nota oficial
Na noite de terça-feira (12), o PT divulgou nota oficial criticando a celeridade do TRF-4 em avaliar o recurso apresentado pela defesa de Lula contra a sua condenação em primeira instância:
“Diante da decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que marcou em tempo recorde o julgamento da apelação do ex-presidente Lulacontra a injusta sentença do juiz Sergio Moro, o PARTIDO DOS TRABALHADORES afirma:
Lula é o maior líder político do Brasil. Sua candidatura à Presidência da República pertence ao povo brasileiro e se consolida cada vez mais num país que precisa superar a crise, recuperar a democracia, a geração de empregos e a soberania.
O processo contra Lula tem sido marcado por várias exceções ao estado de direito: a condução coercitiva, o vazamento de telefonemas com presidente Dilma, a condenação sem provas. Ao marcar o julgamento em prazos tão curtos, o TRF-4 age de forma no mínimo excepcional.
Lula é inocente das acusações que lhe foram imputadas, num processo marcado por arbitrariedades, ilegalidades e cerceamento ao direito de defesa.
Diante das provas da inocência de Lula, só há uma decisão justa e legal para o caso: a revogação da sentença da primeira instância e a absolvição pelo TRF-4.
Os golpistas e seus aliados investem em saídas artificiais e antidemocráticas para impedir a volta de Lula ao governo. Se têm a expectativa ver Lula inelegível a partir do julgamento da apelação, enganam-se. Qualquer discussão ou questionamento sobre sua candidatura só se dera após o registro no Tribunal Superior Eleitoral, em agosto.
Lula é o nosso candidato e será o próximo presidente do Brasil.
Gleisi Hoffmann
Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores”