OAB abre processo e pode cassar advogado preso após delação da JBS
Willer Tomaz é acusado de corrupção, organização criminosa e obstrução da Justiça. Segundo Joesley Batista, ele teria comprado procurador
atualizado
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A Corregedoria Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu abrir processo ético para investigar a conduta de Willer Tomaz, preso na última quinta-feira (11/5) pela Polícia Federal, acusado de obstrução da Justiça, corrupção e organização criminosa. Caso as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) sejam confirmadas, ele poderá ter o registro para atuar cassado.
Segundo delação do empresário Joesley Batista, o advogado brasiliense teria vendido influência e cobrado R$ 8 milhões em honorários para defender os interesses do grupo JBS. Nos depoimentos que serviram de base para a prisão preventiva de Willer, Joesley contou que o profissional pediu mesada de R$ 50 mil para comprar informações privilegiadas do procurador Ângelo Goulart Villela, integrante da Lava Jato.
No mesmo depoimento aos procuradores da Lava Jato, o dono da JBS contou que Willer se cacifava como advogado alegando proximidade com o juiz substituto da 10ª Vara Federal Criminal de Brasília Ricardo Soares Leite, onde tramitam ações referentes à Operação Greenfield.
O relato de Joesley e de um de seus assessores mais próximos, o advogado Francisco de Assis e Silva, ainda atinge um outro expoente da advocacia brasiliense, o presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto. Segundo Francisco de Assis, Juliano teria intermediado a indicação de Willer para Joesley em troca de um terço dos honorários acertados por Willer. Costa Couto admite a indicação, mas nega que tenha cometido qualquer irregularidade no episódio.
Em menos de uma década de atuação nos mais variados ramos do direito, Willer acumulou uma notável carteira de clientes, a maioria deles políticos. Lançou-se também no mundo dos negócios e, recentemente, como empresário de mídia. Ele arrendou quatro rádios que pertencem ao ex-vice-governador do DF Paulo Octávio, de quem se aproximou no último ano.
As defesas de Willer Tomaz e de Ângelo Goulart Villela negam as acusações.